O Brooklyn é um mundo à parte
em Nova York
– como são, aliás, cada um dos antigos boroughs que formaram a cidade. Num
domingo, exibia a tranquilidade e a agitação na medida certa (durante a semana,
o tráfego de veículos entrando e saindo do bairro é intenso). Lá, misturam-se
com perfeição atributos de cidade pequena, cidade grande – para emprestar uma
referência do notável Jack Kerouac.
Seu “riverfront”, ou seja, o
parque que fica às margens do rio East está novinho em folha. Dele , tem-se
uma bela visão de Manhattan e seu conjunto inigualável de arranha-céus. No
entardecer, a paisagem ganha o reforço do brilho dourado do sol encontrando-se
com as águas escuras do rio. Ao fundo, além dos prédios, a Brooklyn Bridge – um
ícone na paisagem nova-iorquina e na ligação de um bairro com outro.
Se estiver um ventinho de
outono, então, a cena fica completa. É só você escolher se quer o clima
romântico, de paz, de amizade, de meditação, de encontro interior – opções não
faltam. Deixe-se levar pelo clima que escolher e esqueça de todo o resto (ou,
se preferir, lembre-se de tudo). O Brooklyn aceita todos os pensamentos.
Naquele pedaço de terra de Nova York, como de resto em toda a cidade, cabe todo
tipo de gente.
A paisagem, porém, atrai o
olhar e nos desperta dos pensamentos profundos (ou da ausência deles). Aos
poucos, como se o tempo ali tivesse parado, o sol vai se despedindo por detrás
dos prédios, como se estivesse sendo engolido por eles. Conforme o astro-rei se
perde no horizonte, raios escapam pelas frestas entre as edificações, formando
verdadeiros fios de ouro – ou lanças de fogo que nos atingem diretamente o
olhar (e o coração). É uma cena maravilhosamente bela!
A esta altura, você já deve
ter imaginado que o Brooklyn parece encantador. Acredite: é! É preciso, porém,
que você se entregue a ele. Um passeio desatento, meramente turístico, talvez
não permita que o bairro se revele. De quebra, você ainda poderá visitar o
belíssimo jardim botânico (o Brooklyn Botanic Garden), o melhor de Nova York, e
um museu que está à altura da cidade (o Brooklyn Museum).
Quando for a Nova York, não deixe de flanar – e devanear - pelo Brooklyn. Afinal, como diz a placa na entrada do bairro, “how sweet it is”!
Quando for a Nova York, não deixe de flanar – e devanear - pelo Brooklyn. Afinal, como diz a placa na entrada do bairro, “how sweet it is”!
Em tempo: a livraria se chama
P.S. Bookshop. Fica na 76 Front Street e
abre todos os dias das 10 às 20h. Ela surgiu em 2006 num espaço duas quadras
acima do endereço onde fui – um espaço no “coração da vida cultural do bairro”,
como define em seu site. Começou atraindo amantes de livros usados e leitores
da área. Com o tradicional “boca-a-boca”,
passou a receber moradores de outros boroughs de Nova York. Daí para os
visitantes de outras partes dos Estados Unidos e do mundo (como eu) foi um
passo. E o motivo é simples: a P.S. Bookshop é a cara do Brooklyn!
Ah, a loja compra e vende
livros usados e raros, primeiras edições, reedições, obras de ficção e não
ficção, livros infantis, juvenis e adultos, lançamentos e edições esgotadas, em
inglês e outras línguas, livros escolares, de arte, catálogos e revistas. Ou
seja, tudo! O recado está no marcador de páginas que me deram junto com o livro
que comprei.
PS: nos meus devaneios vendo
a despedida do sol naquela tarde de domingo no Brooklyn, desejei que tudo pudesse
ser diferente...
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