Uau!

Chicago é, definitivamente, uma cidade de arquitetura marcante. E contrastante. Basta uma rápida olhada pelo seu famoso e encantador “skyline” para sentir a força da atração daquele conjunto incomparável de arranha-céus. Não chegam a ser tantos como em Nova York (longe disso, aliás) – é impossível comparar o gigantismo de ambas, embora a capital do estado de Illinois seja, sim, um cidade grande.
Embora não se comparem em quantidade, os prédios de Chicago nada deixam a dever aos seus congêneres nova-iorquinos. Neste quesito, a cidade, pode-se dizer sem ofensa, é uma espécie de filial da “Big Apple”. Em ambas, vê-se com clareza o encontro aparentemente inviável e chocante entre uma arquitetura clássica e outra moderna-contemporânea. Entre fachadas bruscas e rebuscadas, entre pedras e espelhos, entre passado e futuro.
As semelhanças param aí. Há em Chicago, parece-me, um arrojo maior, uma ousadia e uma coragem de mexer com a paisagem. Algo que se vê brotar agora em Nova York com o novo World Trade Center (é verdade que o original, derrubado pelos terroristas, representava uma boa dose de ousadia, mas nada comparado aos modelos existentes na capital de Illinois – onde o que se pode classificar de futurismo é marcante em várias edificações).
Antes que me atirem pedras: sim, Nova York é cheia de construções criativas e rebeldes, como os caixotes dançantes da sede do New Museum, na Bowery, mas elas desaparecem na paisagem quando se tem aquela vista clássica de “skyline”. Em Chicago, ao contrário, a rebeldia se destaca – talvez, e muito provavelmente, em razão da quantidade menor de prédios.
O fato é que a arte das construções faz parte da alma de Chicago. Arquitetura e cidade são indissociáveis. A ponto de ser ela, a arquitetura, talvez a principal atração num lugar repleto de atrações. Irresistível – é isto! Ninguém pode, nem consegue, resistir à paisagem “chicaguense”. De onde quer que se olhe, de longe (num agradável passeio de barco pelas águas por vezes agitadas e gélidas do lago Michigan) ou de perto (como se se estivesse no “olho do furacão”, ali no Millenium Park), o cenário atrai a atenção, desperta a visão e os sentimentos.
Quais sentimentos? Aqueles mesmos que se sente diante de uma taça do melhor dos vinhos, do mais delicioso dos chocolates, do mais aromático dos perfumes. Um sentimento que se funde a uma sensação de “Uau!!”, espanto – ou que dela é gerado. Até porque, além de irresistível, a arquitetura é onipresente. Onde quer que se esteja você a verá, pequena ou grande, sempre monumental.
Escurecendo ao por-do-sol, brilhando pontilhados pelas luzes douradas de seus interiores, os prédios de Chicago dão à cidade um aspecto único. Singular – daí serem um orgulho local. Várias, muitas cidades têm um “skyline” característico. Nenhuma delas como o da capital de Illinois com seus arranha-céus pontiagudos, de clássicos tijolos vermelhos ou de vidros espelhados, quadrados, circulares, em declive, um cenário clássico numa cidade moderna. Ou então edificações modernosas numa localidade tradicional. Um arranhando e sombreando o outro, cutucando, provocando, cada qual buscando e dividindo espaço, paradoxo dos paradoxos, contraste e harmonia numa mesma paisagem com os mesmos elementos.
Uma cidade, sem dúvida, de “grandes construções”, como desenhou o designer gráfico inglês Al Boardman.

Chicago - Five Great Buildings from Al Boardman on Vimeo.

Sim, uma cidade de “grandes construções”, como eu a vi.












 

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