Se tem um lugar que
une o passado e o presente do Peru é Cusco, a capital do império inca. A cidade
e seu entorno preservam construções da última das civilizações pré-colombianas,
que existiram antes da chegada dos espanhóis. No centro histórico, os traços
deste passado se misturam às marcas deixadas pelos colonizadores.
Os locais estão acostumados com o ar rarefeito - o organismo deles, contam, possui uma taxa maior de glóbulos vermelhos no sangue.
O Peru é um dos três maiores produtores de coca do mundo, junto da Colômbia e Bolívia. O efeito analgésico da planta foi descoberto pelos incas. Eles são o motivo que atraem tantas pessoas para cá todos os anos.
Mas talvez nenhum outro lugar represente tanto a dominação espanhola do que essa região. Só na praça e num raio de 200 metros ao redor pode-se contar pelo menos sete igrejas católicas.
A cruz símbolo do cristianismo, as imagens de santos e patronos da igreja, as fachadas imponentes dos templos com suas torres altas representaram a chegada de uma nova fé. O convento dos dominicanos (o antigo Qorikancha), por exemplo, foi construído num lugar sagrado para os incas. Partes de antigos templos do sol, da lua, do trovão ainda podem ser vistas no muro do lado de fora e nos corredores ao redor do pátio.
Mas tradições do
passado permaneceram. Há marcas por todo lado, como na bandeira de Cusco, que
carrega o arco-íris do povo inca, um sinal da aliança com a natureza. Referências
à cultura andina também podem ser vistas nas pinturas, esculturas, nos nomes
das ruas. Uma rica herança que esta gente faz questão de preservar. Como a língua
quéchua.
Levar o filho nas
costas, como a jovem moradora, é comum por lá. Uma mulher carregava um outro
filhotinho. O traje típico e o sorriso estampado rendiam fotos e gorjetas.
Nas ruas e vielas
com calçamento de pedras, o passado histórico se mistura ao presente. Moradores
se misturam a turistas na cidade com mais de 300 mil habitantes. Cusco fica
numa espécie de vale, espremida pelas montanhas da cordilheira. O crescimento
das últimas décadas levou muitas casas para os morros. “Cusco é uma cidade
muito tranquila”, diz Walter Trigoso, que trabalha com turismo. Pergunto sobre
a segurança. “Muito boa em Cusco, mas em outros departamentos não é como aqui”,
fala.
Quase 500 anos após a chegada dos colonizadores, a estátua do Cristo redentor, sinal da dominação cristã, abraça a cidade. Iluminada pelo mesmo sol que era adorado pelos incas. Após muita luta, Cusco aprendeu a arte da convivência.
* Texto originalmente feito para o programa "Matéria de Capa" (TV Cultura, dom., 19h30)
Quase 500 anos após a chegada dos colonizadores, a estátua do Cristo redentor, sinal da dominação cristã, abraça a cidade. Iluminada pelo mesmo sol que era adorado pelos incas. Após muita luta, Cusco aprendeu a arte da convivência.
* Texto originalmente feito para o programa "Matéria de Capa" (TV Cultura, dom., 19h30)
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