Ocidente e oriente, passado e futuro

"Não é nada fácil se acostumar às diferenças culturais da Coréia do Sul. É tudo muito diferente daquilo a que nós, brasileiros, estamos acostumados. No Brasil, por conta da imigração japonesa, o referencial que temos de Oriente é o japonês. E a Coréia é completamente diferente do Japão. É como comparar o Brasil com a Argentina, com população, cultura e costumes completamente diferentes."
Este é um trecho de uma reportagem assinada por Jocelyn Auricchio para a Agência Estado. Uma boa síntese, que me fez pensar na Argentina e no Japão. E em diferenças culturais. Conhecer Buenos Aires, a capital argentina, é mergulhar num lugar que parece viver do passado. Sim, a cidade é bela, um pedaço da Europa na América do Sul. E é justamente isto que se torna sua qualidade e seu defeito (talvez esta seja uma palavra forte...). É inevitável sentir um certo clima de melancolia, uma tristeza no ar de quem já não é mais o que um dia foi... É um tango.
Tóquio, a capital japonesa, é o oposto. Vê-se a tradição em muitos cantos, mas predomina o ar de modernidade. Ao contrário de Buenos Aires, o clima é "hi-tech", de quem já é o que os outros talvez um dia serão.

Mi Buenos Aires querido,
cuando yo te vuelva a ver,
no habra más penas ni olvido
(Letra: Alfredo Le Pera; música: Carlos Gardel, 1934)

*** Se você quiser ler toda a reportagem mencionada, acesse os comentários logo abaixo.

Uma cidade, outras cidades

Algumas coisas são feitas para turistas. Muitas vezes, esta afirmação carrega um sentido pejorativo. Algumas destas vezes, este sentido faz sentido. Isto, porém, não é uma regra. Quando visito um lugar, procuro conhecer tudo o que foi feito para turista. Tento, porém, buscar tempo para descobrir coisas feitas para o cidadão comum. Assim, tão prazeroso quanto conhecer a "Miss Liberty" é passar uma hora sentado numa praça repleta de estudantes fazendo malabarismos, cantando, dançando, protestando, fumando (maconha até?) num canto qualquer do Village.
Claro que todos vão querer saber da Estátua da Liberdade (a tal "miss"). Vão considerar uma blasfêmia não ter ido ao local. Poucos - ou ninguém - vão perguntar sobre uma praça repleta de estudantes no Village. Não estranharão a sua ausência. A famosa estátua estará no relato de dez entre dez turistas que forem a Nova York. A tal praça, ao contrário, será um relato quase único (triplo no meu caso).
Há, sim, uma cidade feita para turista. E isto é bom! Há, também, uma outra cidade, reservada aos olhares mais atentos e dispostos. É a mistura de ambas que enriquece uma viagem. Limitar-se à primeira fará de você mais um turista. Ir além o tornará um turista único. Afinal, longe dos pontos turísticos, cada um faz a sua própria cidade.

Em tempo: em Nova York, não deixe de ir a qualquer pequeno restaurante do Village. Se bobear, alguém dirá que os brasileiros estão voltando e que os americanos são "open mind", mas não a ponto de eleger um... deixa para lá. Quem sabe você não encontra por perto a tal praça repleta de estudantes?

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