Turbulências (two, four, five!)

Viajar é prazeroso no conjunto da obra, mas é inegável que existem momentos irritantes - porém, necessários. Eis um deles: o da turbulência. Detesto turbulência. Um amigo que recentemente viajou comigo costuma dizer: "Eu não ligo". Sinceramente, não sei se ele liga ou não, eu ligo! Não sei se é medo ou o quê, o fato é que as turbulências reforçam-me a sensação de impotência. Você está nas mãos dos pilotos, de uma máquina, da natureza e de Deus.
Sim, é a Ele que apelo sempre que a situação aperta. Até hoje deu certo. Incrivelmente, sempre que uma turbulência passa do normal (existe uma "normal"?), meus apelos são ouvidos quase que de imediato. O avião retoma o que se convencionou chamar de "céu de brigadeiro". E eu adoro brigadeiro!
O mais curioso é que já gostei de turbulência. Tudo bem, eu tinha 13 anos e tudo era festa, mas gostei daquela tremidinha a 12 mil metros de altura. Hoje, chego a sentir pavor, talvez só superado pelo momento da decolagem. Nutro amor e ódio pelas decolagens. Aprecio aquela velocidade insana, aquela aceleração rápida, mas imaginar que aquelas toneladas poderão não subir é agoniante.
E olha que eu tenho fascínio por aviões. Guardo todos os cartões de embarque. Costumo dizer que sou um piloto frustrado. Como passageiro, porém, a sensação de não estar no comando da situação mexe com os nervos. E até de quem voa muito - vide o inglês que sentou ao lado do meu amigo e só sabia repetir "two, four, five" ou algo assim.

Em tempo: apesar de tudo, voar é preciso. O avião reduz as distâncias. Hoje, é possível tomar café da manhã em Paris, almoçar em Lisboa e jantar em Limeira num mesmo dia; mas que manter os pés no chão, longe das turbulências, é atraente, isto é! Ainda assim, eu vôo. Afinal, é o avião que nos leva mais facilmente a qualquer canto do mundo...

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