Protestos pelo mundo

Não pretendia escrever outra postagem tão logo (costumo aguardar alguns dias para acrescentar novas postagens na esperança de que alguém deixe um comentário). No entanto, um fato se impôs ao meu planejamento. O resgate da franco-colombiana Ingrid Betancourt, que estava sob poder das Farc desde 2002, fez-me lembrar de algo que tem me acompanhado nas viagens: os protestos.
Em todas as minhas últimas viagens sempre me deparei com protestos. Em Hamburgo, na Alemanha, um grupo protestava em favor de imigrantes ilegais capturados na Espanha e devolvidos à África em condições degradantes. Em Nova York e Washington, manifestações contra a Guerra do Iraque ("Stop the War!") e uma mobilização a favor da guerra (na qual entramos, dois amigos e eu, por mera diversão e ignorância).
Em Lisboa, os protestos estavam nos muros. "Todo poder aos putos!", dizia uma pichação. Em Madrid, deparei-me com um protesto em favor dos "minusválidos" (os portadores de deficiência). Uma ampla manifestação em frente à sede da Comunidad de Madrid, na Puerta del Sol. Um amigo que lá morou por um ano e meio já havia me alertado: "aqui tem protesto todo dia". E uma espanhola que engatou uma conversa confirmou: "protestamos todos os dias, contra tudo".
E bastou pisar em Paris para me ver dentro de uma passeata estudantil quando me dirigia ao hotel. E não parou aí. Numa tarde, uma multidão em frente à Prefeitura de Paris chamou a atenção. Era apenas uma formatura de oficiais. Num canto, porém, flagrei um painel com uma foto de Ingrid e a contagem dos dias de duração de seu seqüestro. Contagem que agora, felizmente, chegou ao fim.

PS: Curiosamente, no mesmo dia da libertação de Ingrid, havia separado a foto desse painel em Paris relativo a ela. Coincidência...

Aeroportos, rostos e destinos

Todos os dias é um vai e vem

a vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar

E assim chegar e partir
São só dois lados
da mesma viagem
O trem que chega
é o mesmo trem da partida
A hora do encontro
é também despedida...
(Encontros e despedidas, de Milton Nascimento e Fernando Brant)

Tenho apreço por aeroportos. Mais que isso, atração mesmo! Isso está ligado ao meu espírito – como bom sagitariano, aventureiro e livre. Chama-me a atenção aquela movimentação de pessoas indo e vindo, aqueles rostos na expectativa da viagem dos sonhos, do primeiro vôo, de apenas mais um vôo, rostos felizes, rostos cansados.
Na verdade, o que me atrai é imaginar as histórias que cada rosto esconde. É incrível imaginar que todos ali, juntos naquele instante, estarão daqui a pouco em lados quem sabe até opostos, como na Inglaterra e na África do Sul. Cada rosto tem um destino, cada destino tem uma história – e é nisso que penso sempre que estou num aeroporto aguardando aquelas horas intermináveis até o embarque. Para onde irá aquele jovem? O que fará aquele casal em Frankfurt? “Última chamada para o vôo TP 1845 com destino a ‘Geneve’”, diz o sistema de som. “Geneve!” Um dia irei para “Geneve”, penso.
Sim, os aeroportos são locais encantadores. Conseguem unir pessoas de todos os cantos do mundo (ora, se a Terra é redonda, quem inventou esse negócio de cantos?). Há vôos partindo para Manaus, Curitiba, Nova York, Tóquio, Lisboa e Frankfurt. A cada minuto, uma decolagem, vidas subindo rumo aos seus destinos. A cada minuto, uma aterrissagem, vidas chegando em seus destinos. Vidas indo, vidas vindo, aeroportos... E pensar que daqui a pouco eu estarei em Paris...

PS: qualquer hora escreverei sobre alguns aeroportos específicos.

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