Tinha visto uma reportagem na TV sobre o novo parque de NY e, desde então, passei a pesquisar sobre o assunto. Soube que, na época da minha viagem, apenas o primeiro trecho do jardim suspenso da Babilônia moderna que é Nova York estaria pronto. Cerca de dez quarteirões, das ruas 20 até a 11 (ou mais precisamente da 20th St. à 11th St.). O acesso é pela 10ª Avenida (ou pela 10th Ave.) – para quem conhece NY, isso significa deslocar-se até uma das laterais da ilha de Manhattan, o West Side, já que o “coração” do que os turistas costumam visitar fica entre a 5 ª e a 7 ª avenidas. Em outras palavras, significa cruzar uma região menos turística, uma área que anos antes era marcada pela violência. O nome: Meatpacking District. A origem: antigos frigoríficos que funcionavam no bairro, agora desativados (o que dá ao local um certo ar de abandono).
Encarei o desafio de chegar até lá a pé (quem for a Nova York e trocar a caminhada pelos táxis merece uma passagem de volta ao Brasil). Fui em disparada (tinha acabado de chegar e, por não poder fazer o check-in no hotel devido ao horário, estava com todo o dinheiro da viagem no bolso). A caminhada foi um pouco tensa, mas ainda assim prazerosa. E numa esquina existente em qualquer grande cidade, com pichações, cartazes e protestos, restaurantes decadentes e prédios com ares de abandono, vi o acesso ao High Line. Na 20th St.

Quando subi as escadas até o trilho-jardim, a expectativa positiva em relação à ideia se confirmou. E não só a ideia, a realidade também. Já nos primeiros passos, ainda um tanto inebriado (no sentido figurado, registre-se), senti o cheiro do High Line. Pode parecer estranho, mas o fato é que o local cheirava a orvalho. Orvalho misturado a ervas finas, talvez um pouco de boldo, não sei exatamente. O High Line tinha o aroma de um chá. Não, não é exagero. O local desperta sentidos muito mais que meramente visuais.
