As ruas de Lisboa

Seria possível o melhor de um lugar estar em suas fachadas supostamente decadentes? Em seus prédios abandonados? Em suas janelas antigas, marcadas pelo tempo? Em seus azulejos artisticamente pintados? Sim, é possível. E o nome desse lugar é Lisboa.
Tal qual um ser vivo, a capital portuguesa respira e inspira. Quem disse que as cidades não têm vida? Respira história e inspira histórias. Lisboa tem muita coisa boa, sua comida, sua dança, sua música, sua arte, seus museus, mas definitivamente não seria a mesma sem seus antigos prédios. Eles remontam a uma época que, paradoxalmente, já se foi e nunca deixou de ser. Isto é possível? Em Lisboa é. Como assim? Eis um tipo de resposta difícil de apresentar, fácil de provar. Faça o seguinte: caminhe pelas calçadas, ruelas e vielas, suba os elevadores e desça as ladeiras de Lisboa. Você facilmente – e rapidamente – descobrirá a resposta. Encontrará a resposta.
Descoberta e encontro são palavras apropriadas para quem está (em) Lisboa. Para quem vive (em) Lisboa. Os parênteses não são acaso. Nestas horas, a língua inglesa talvez se saísse melhor com o seu “to be”. Ah, quanta ousadia, blasfêmia! Na cristã Lisboa, naquele solo onde repousam os restos de Camões, naquela terra onde brotaram Pessoa e Saramago, qual o sentido de Shakespeare? Qual o sentido se as calçadas lisboetas emanam poesia?
Lisboa canta. Em ritmo de fado. Lisboa encanta. Enfado? Nunca!

Em Lisboa, sinta o cheiro de suas esquinas, de suas meninas. Cuidado com “la blanca”. Ela também está por lá. Cuidado com a gema, ela engorda!
Lá está o Tejo, ah o Tejo. O princípio de “mares nunca dantes navegados”. Mares que a torre guarda. Que a torre guia. A torre santa. Santo Belém. Santos pasteis. Santos bordeis. “Todo poder aos putos!”
As ruas de Lisboa têm histórias para contar. Histórias de tragédias. Histórias de glórias. Ruas pombalinas, ruas joaninas. Ruas de Pedro, ruas de Maria. Nas ruas de Lisboa, a magia une passado e futuro. Um passado empoeirado nas cobiçadas garrafas de vinho. Um futuro desejado que espera eternamente a volta de um tal dom Sebastião.
Ah, Lisboa, seu sotaque português. Sua língua portuguesa. Gajos e camisolas. Pequenos cafés e quartos de banho. Telemóveis e rotundas. E a distância toda de um oceano a nos separar. E a nos unir. Aventurar-se é preciso. Navegar é preciso. Viver é preciso. Então, viva Lisboa!

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