Um lugar chamado Notting Hill

She
May be the face I can't forget.
A trace of pleasure or regret
May be my treasure or the price I have to pay.
She may be the song that summer sings.
May be the chill that autumn brings.
May be a hundred different things
Within the measure of a day


Londres é encantadora. Como toda grande cidade, a capital da Inglaterra é uma mistura de um monte de pequenas "cidades". E uma dessas "cidades" eu sonhava conhecer. Quando um amigo e eu iniciamos um roteiro de viagem, eu sempre fazia referência ao lugar - que geralmente ficava em segundo plano, mas nunca era esquecido. Não sabia - como até agora não sei - porque exatamente queria ir até lá. Obviamente que a origem disso tudo é o cinema - não fosse assim talvez sequer conhecesse um lugar chamado Notting Hill.

She
May be the beauty or the beast.
May be the famine or the feast.
May turn each day into a heaven or a hell.
She may be the mirror of my dreams.
A smile reflected in a stream
She may not be what she may seem
Inside her shell


Notting Hill não é propriamente belo. Para quem assistiu ao filme, é exatamente o que se vê. Chega a ser um pouco cansativo tamanha a quantidade de pessoas se espremendo nas ruas. É um lugar onde há muitos imigrantes. Ainda assim, entrar numa espécie de cantina, pequenina, apertada, pedir uma pizza, comê-la em pé pela falta de espaço, é algo que só um turista de coração aberto pode apreciar.

She
who always seems so happy in a crowd.
Whose eyes can be so private and so proud
No one's allowed to see them when they cry.
She may be the love that cannot hope to last
May come to me from shadows of the past.
That I'll remember till the day I die

É, Notting Hill não é propriamente belo, mas tem um charme curioso. É até um tanto frenético numa cidade certinha (o que não significa dizer monótona, chata). O bairro tem lojinhas velhas e sujas, muitas daquelas que lembram nossas lojas de R$ 1,99, mas também tem espaços novos, interessantes. Foi uma pena não poder apreciar com mais tempo e mais calma as vitrines - tanto pela quantidade de pessoas como por uma chuva que fez questão de cair naquele momento.

She
May be the reason I survive
The why and wherefore I'm alive
The one I'll care for through the rough and ready years
Me I'll take her laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be
The meaning of my life is

Impossível foi andar por Notting Hill sem ficar cantarolando na mente a música principal do filme - que, por sinal, é encantadora. A música até que não combina muito com o aspecto do bairro, ainda que se encaixe no clima do lugar (se você se dispuser a mergulhar nesse clima). Não sei bem a razão, o fato é que gostei de lá. Na próxima parada em Londres, vou fazer questão de comer uma pizza num lugar apertado, tomar um café num lugar aquecido, olhar as lojinhas velhas e sujas com mais calma, enfim, passear por um lugar chamado Notting Hill...

She, she, she!

Os templos da arte moderna

Começou esta semana no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo a exposição "Marcel Duchamp: Uma Obra que Não É uma Obra 'de Arte'". É a primeira vez que uma mostra dessa magnitude desse artista vem para a América Latina. São 120 peças, entre originais e réplicas. A exposição comemora os 60 anos do MAM.
Havia recentemente uma exposição de Duchamp na Tate Modern, em Londres. Era uma das mostras temporárias dentro do museu - o que significa dizer que pagava-se à parte por ela. Duchamp é um ícone do movimento que representa. O que numa época se considera arte moderna ou contemporânea, via de regra teve raiz numa tentativa de romper paradigmas, na ruptura. E toda ruptura é dolorosa. Com Duchamp não foi diferente. O artista enfrentou resistência - e o tempo encarregou de dar-lhe um lugar devido na história.
Mas não é exatamente sobre Duchamp que quero falar. A exposição em São Paulo apenas me remeteu ao prazer de visitar museus de arte moderna. São meus favoritos. Antes que alguém não compreenda (porque o ser humano é excludente, movido a binômios, sim ou não, preto ou branco, certo ou errado...), afirmar que gosto mais de museus de arte moderna não significa dizer que não goste de todos os demais. É impossível não se encantar pelo Louvre, pelo Museu do Imigrante, da Língua Portuguesa, de História Natural, enfim...
Os museus de arte moderna, porém, são divertidos. Coloridos, chocantes, desafiadores, malucos (sim, é preciso ter uma boa dose de loucura para imaginar - e entender - muitas das obras). Gosto de brincar entre as peças, colocar-me no meio delas, fazer fotos. Como são divertidos os museus de arte moderna!
Portanto, tendo a oportunidade, não deixe de ir ao MoMA, em Nova York; à Tate, em Londres, ao Centro George Pompidou, em Paris; ao MAM, em São Paulo. Você poderá até estranhar, mas não há como ficar indiferente.

PS: foi na Tate, em Londres, que vi a presença mais direta do Brasil em grandes museus internacionais de arte. Havia duas salas de artistas brasileiros. O mais conhecido deles é Hélio Oiticica (1937-80), pintor, escultor e artista plástico carioca (é dele a peça que ilustra esta postagem). Para mais informações, clique aqui.

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