Na Suíça, o trem é parte do dia a dia

Quando se fala em passear na Suíça, uma das marcas do país é justamente seu sistema ferroviário. Eficiente, confortável e, claro, pontual - outra característica local. Na charmosa estação central de trem em Zurique, a maior cidade suíça, um grupo de estudantes dá as boas-vindas: “Brasil!!!”.








São 350 milhões de passageiros por ano, 45 vezes mais que a população do país.  Também pudera: na pequenina Suíça, cinco mil dos 26.114 quilômetros da rede de transporte público é formada por trilhos ferroviários. A cada dez minutos, um trem liga o centro de Zurique ao principal aeroporto do país.
Por trem, há conexões diretas com dez países ao redor da Suíça. Em quatro horas, é possível ir até Paris, na França. Os suíços viajam mais de trem do que qualquer outro povo no mundo. Em média, cada cidadão percorre 2.103 quilômetros por ano - 127 quilômetros a mais que os japoneses, os segundos colocados.






Trens chegam e saem a todo momento. Na Suíça, trânsito mesmo é nos trilhos. O sistema ferroviário é tão importante que uma série de serviços são oferecidos para facilitar o dia a dia dos moradores e visitantes. Vagões confortáveis, que incluem uma área com recreação para as crianças. Janelas panorâmicas para apreciar a paisagem - cenários encantadores que surgem a todo momento. Planícies e vales verdejantes, montanhas mágicas, lagos com água cristalina, vilarejos e cidades vibrantes.


Com um passe especial, o Swiss Pass, é possível usar por três dias até um mês toda a rede de transporte público do país, como os bondes, ônibus e barcos, além do trem. Se o passageiro quiser, pode despachar a mala diretamente para o destino, mesmo que vá ficar todo o dia numa cidade ou visitar outros lugares. É só fazer o despacho rápido em uma das mais de 40 estações onde o serviço é oferecido. O sistema vale até para quem vai pegar um avião com a companhia aérea local - a Swiss Air. Nós, por exemplo, despachamos a bagagem diretamente da estação de trem em Lucerna para São Paulo, economizando tempo no aeroporto.
A chefe do serviço de bagagem da empresa ferroviária, Charlotte Humbert, diz que outro serviço bastante usado pelos passageiros - principalmente turistas - é o depósito de bagagens nas estações. Bolsas e malas podem ficar guardadas com segurança por até 96 horas. Enquanto isso, a pessoa pode passear.
Depois, para não perder o trem, a tecnologia dá uma ajudinha. Um aplicativo para celular informa todos os horários e a lotação de cada viagem. Quanto mais homenzinhos aparecem na tela, mais cheio o trem está. Comodidade na palma da mão. E é bom ficar mesmo atento aos horários. Pontualidade é como lei na Suíça. Isto fica muito evidente no sistema de transporte público. Por isso, quem for até lá deve ficar atento: se o trem estiver marcado para sair às 17h01 ele vai sair exatamente às 17h01.
O diretor de marketing da Swiss Travel System, a empresa responsável pelo Swiss Pass, Andreas Nef, ressalta que o transporte público é muito importante para os suíços. “A cada dia são mais de um milhão de usuários, é uma das ferramentas primordiais no país”, diz. E quando eu pergunto se ele se sente orgulhoso de trabalhar na STS, Andreas não economiza elogios ao sistema. “Com certeza sou muito orgulhoso. O transporte público suíço é seguro, pontual e limpo”.
Como dizem por lá, há sempre um trem onde você precisar.

* Texto original de reportagem feita para o programa "Matéria de Capa" (TV Cultura, dom., 19h30)

A reforma que mudou o destino de Genebra

Um pequeno país, com oito milhões de habitantes, no coração da Europa ocidental. Cercado por algumas das mais belas montanhas do mundo e recheado de paisagens deslumbrantes. Estamos falando da Suíça, uma nação que se manteve neutra em meio a tantas guerras ao seu redor ao longo dos séculos e soube tirar proveito disso para se tornar um dos locais mais desenvolvidos do planeta.
Um famoso jato d´água, com 140 metros de altura, no lago Genebra. É o símbolo de um país que sabe cuidar do que é seu. E espalhou muitas de suas marcas e tradições pelo mundo. Quem nunca quis experimentar um queijo suíço? Ou ter um dos famosos relógios? Na vitrine das lojas, o chocolate dá água na boca!






A Suíça é um país relativamente pequeno: tem pouco mais de 41 mil quilômetros quadrados, praticamente o tamanho do estado do Rio de Janeiro, mas este pequeno território guarda belezas incríveis. Paisagens bucólicas, um cenário verdejante num lugar conhecido pela brancura da neve. Montanhas com picos nevados que parecem levar ao céu. Rios e lagos com água cristalina.
Um choque visual: da escuridão do túnel, a primeira vista do lago Genebra paralisa os sentidos. As plantações de uva colocaram a Suíça na rota dos vinhos, apesar de praticamente toda a produção ser consumida lá mesmo. Cidades e vilarejos que encantam.




Natureza combinada com uma vocação global. O chão da praça em Genebra saúda os visitantes em vários idiomas. A segunda cidade mais populosa do país, com cerca de 200 mil moradores, traz no "DNA" a marca da globalização, muito antes desta palavra virar moda.

E pelo menos em um episódio, isto ficou gravado num muro, uma homenagem aos quatro grandes reformadores, movimento que contestou as bases do catolicismo ainda no século 16. Genebra abraçou esta causa e se tornou um dos grandes centros da reforma Calvinista na Europa. Por isso, recebeu pessoas de vários países que eram perseguidas pela Igreja Católica. E isto de alguma forma influenciou no futuro da cidade.
Guilherme Farel, Teodoro de Beza, John Knox e João Calvino - que deu nome a uma das tradições protestantes, o Calvinismo. Foi em Genebra que ele viveu de 1536 até sua morte em 1564. Foi aqui também que nasceu Jean-Jacques Rousseau - que hoje dá nome a uma pequena ilha no coração da cidade. Filho de um relojoeiro calvinista, o filósofo foi um dos ícones do Iluminismo.
Aliás, a tradição que fez da cidade a capital mundial dos relógios tem estreita ligação com a reforma. Os protestantes proibiram o uso de joias e os trabalhadores migraram para o ramo de relógios. Uma mudança que foi um sucesso. A reforma ajudou também a desenvolver o setor bancário na Suíça, já que não condenava os lucros.


Com as portas abertas para quem vinha de fora, Genebra virou uma mistura de culturas. Foi só acrescentar a conhecida neutralidade suíça durante as guerras do século 20 para transformar a cidade num dos mais importantes centros da diplomacia mundial. Ela abriga mais de 250 organizações não governamentais (ONGs) e 20 organismos internacionais, como a Unicef, a Cruz Vermelha e a Organização Mundial do Comércio (OMC). 




A Liga das Nações, criada em 1919 logo após a Primeira Guerra Mundial, ocupou um prédio na cidade. Foi o embrião da ONU, que tem por lá a sua sede europeia.
Na praça em frente às Nações Unidas, crianças se divertem com as fontes.






Essa vocação global foi o que atraiu o brasileiro Heleno Rodrigues. Ele trabalha como garçom na praça mais internacional de Genebra.
A aposta na diplomacia inspirou o clima local. Genebra é vibrante e tranquila na medida certa. Olhar os veleiros e lanchas dá a impressão de que o tempo parou. No parque à beira do lago, moradores e turistas conversam, passeiam, descansam... A paz reina té na minúscula praia, que eles brincam chamando de "pequena Copacabana".







Do alto da torre da catedral, uma bela vista da cidade cercada de montanhas. Do outro lado fica a França - Genebra sempre perto do estrangeiro...



E como os suíços sabem aproveitar as oportunidades, a cidade não desperdiça sua vocação cosmopolita. “É a menor das grandes cidades. Por causa das organizações internacionais, aqui há pessoas que vêm do mundo inteiro, com muito respeito a qualquer cultura”, diz Vincent Dubi, diretor de marketing do Turismo Genebra.
E tudo isto se reflete na gastronomia, no charme do bairro de Carouge, em estilo francês, no jeito “genevense” de ser...








* Texto original de reportagem feita para o programa "Matéria de Capa" (TV Cultura, dom., 19h30)

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