There is a
view that reaches far
Where we
see the universe,
I see the
fire, I see the end.
Seven miles
above the earth,
There is
Emmanuel of mothers.
With his
sward, with his robe,
He comes
dividing man from brothers.
In the
tower above the earth, we built it for Emmanuel.
In the
powers of the earth, we wait until it rips and rips.
In the
tower above the earth, we built it for Emmanuel.
Oh my
mother, she betrayed us, but my father loved and bathed us.
Still I go
to the deepest grave,
Where I go
to sleep alone.
(“The
Seer's Tower”, por Sufjan Stevens)
Chicago, a principal cidade do estado de Illinois, é
fantástica sob todos os ângulos. Do chão, vê-se a beleza e a magnitude de sua
arquitetura, que mistura tradição e contemporaneidade. É do alto, porém, que se
tem uma noção mais ampla desta beleza. Do alto da Willis Tower, um dos ícones
turísticos locais. Chamado originalmente de Torre Sears, o megaedifício foi
aberto em 1973 e ostentou até 1998
a posição de mais alto do mundo – considerando a antena,
são 527 metros .
Em seus 108 andares, ele abriga uma série de escritórios e
um observatório que recebe milhares de pessoas todos os dias. É de lá, no 103º
andar, que turistas de todo o mundo têm uma visão única e privilegiada do
“skyline” de uma das cidades modernas mais bonitas que já conheci. Na paisagem,
curiosamente, destaca-se o John Hancock Center, concorrente que também oferece uma
vista da cidade a partir de um observatório.
Tanto uma quanto outra torre tem fachada de vidros negros
tais quais besouros. A cor confere a ambas um aspecto poderoso, embora um tanto
sombrio. Apesar da cor e da altura, elas quase desaparecem do cenário de
Chicago quando vistas a partir do chão – principalmente a Willis, que fica
escondida em meio a tantos arranha-céus. Naturalmente, a cidade não se resume à
torre; seguramente, a vista a partir do alto da torre resume a cidade. É de lá
que se pode observar de forma mais ampla a profusão de estilos e cores de Chicago.
E um prédio desse envergadura esconde um monte de segredos.
Alguém consegue imaginar, por exemplo, qual o fluxo diário de pessoas no local
entre funcionários do edifício, das empresas ali sediadas e visitantes? Só o
observatório recebe mais de um milhão de pessoas por ano – média de quase três
mil por dia. Se estes números já são grandiosos, o que pensar da estrutura
movimentada diariamente para manter tudo funcionando?
Foi este justamente o tema de um documentário exibido pelo National Geographic Channel. A manutenção geral é feita a cada dois meses. As janelas
externas são limpas a cada três meses, num serviço que exige a mistura de
tecnologia (existe uma espécie de elevador externo exclusivamente para esta
atividade), perícia e coragem. Na parte interna, há uma equipe de limpeza para
cada andar. Milhares de panos, litros de água e desinfetante são usados
anualmente.
De acordo com o documentário, a torre foi construída para
suportar ventos de até 240 km/h
– isto, num lugar conhecido como “Cidade dos Ventos”, é imprescindível.
Trata-se, sem dúvida, de um belo exemplo do poder e do avanço da engenharia e
arquitetura. Aliás, este poder se manifesta também num detalhe que foi
acrescentado à Willis Tower há alguns poucos anos. Um novo observatório dentro
do observatório. Um “puxadinho” na verdade. Uma espécie de sacada. E o que há
de especial nisto? Nada, não fossem estes mirantes – quatro no total – feitos
de vidro (a 412 metros
do chão, lembre-se!). Como li num blog, “são como caixas de vidro incrustadas
no prédio”. Segundo os empreendedores, os puxadinhos suportam até cinco
toneladas de peso – o vidro tem 1,5 polegada de espessura (cada polegada mede 2,54 centímetros ).
Desde que foram abertos, os mirantes tornaram-se uma atração
concorrida na cidade. Filas de turistas se formam todos os dias no observatório
apenas para passar alguns segundos (quiçá alguns poucos minutos) dentro da
caixa de vidro experimentando a sensação de estar suspenso no ar, voando sobre
a cidade ou, dito de outra forma, tendo-a aos seus pés.
Posso garantir, é fantástico, uma experiência única e
incomparável! Não é à toa que, ao mesmo tempo que se divertem, os turistas
fazem questão de posar para fotos: pulam, fazem poses sob ângulos diversos,
sentem-se como se estivessem dominando o espaço, aquele gigantesco mar de
concreto e gente que se apresenta à frente, no horizonte, e abaixo, no chão.
Definitivamente, ir até o observatório da Willis Tower e não experimentar a sensação de estar numa varanda de vidro a mais de 400 metros de altura é como chupar bala com papel. Por isso, tenha paciência com as centenas de crianças que se agitam e espere o seu momento, nem que sejam (como provavelmente serão) poucos segundos. Acredite: valerá a pena. Ah, e não esqueça: registre o momento. Afinal, como mostrar que você teve coragem para “voar” sobre Chicago sem uma foto?