"Velhas coisas" surpreendentes

Museus definitivamente não são lugares de coisas velhas. Para quem já teve a oportunidade de ir ao Museu da Língua Portuguesa ou ao Museu do Futebol, ambos em São Paulo (e só para ficar com dois exemplos próximos), sabe do que eu estou falando.
No entanto, não se pode negar que coisa velha também cabe em museu. Coisa assim mesmo, num sentido um tanto genérico, que pode tanto significar uma peça de porcelana como a coroa de um rei. Eu, particularmente, sempre gostei de museus, tenham eles coisas velhas ou não. Sempre me atrai a ideia, a concepção, o que eles comunicam, revelam.
Obviamente, cada museu tem um propósito e um estilo de acordo com seu foco. Assim, museus de arte contemporânea costumam ser mais divertidos do que outros de arte renascentista. Museus interativos são mais modernosos do que aqueles que se propõem a ser um depositário de peças históricas.
Tomando como exemplo o museu em seu sentido mais estrito, tradicional (o de lugar de coisas velhas), temos no mundo verdadeiros tesouros. Assim podem ser entendidos o Metropolitan, de Nova York (ou simplesmente Met para os íntimos), o British Museum, em Londres, e o Louvre, em Paris. Eles guardam peças raríssimas, muitas das quais um ser humano jamais imaginou ver ali, frente a frente. Nestas horas, seja um apaixonado por museus ou um turista mais ligado a outros gostos, é impossível ficar indiferente.
De meu pai, já com seus mais de 60 anos, ouvi uma interessante definição para isto: "Vi coisas que jamais sonhei que fosse ver". Ele se referia a armaduras, jóias, etc. Estamos falando de objetos de 500, 700 anos. Nos museus, porém, o tempo vai além. Tem-se objetos com cinco mil anos! Ainda que este objeto seja um... ser humano. Isto mesmo, um ser humano coisificado, exposto a milhares, milhões de olhares espantados.

E não é só. Muitas vezes, o museu desperta uma sensação mágica quando nos coloca de frente com algo que sabíamos estar lá. Foi assim que reagi quando vi uma múmia pela primeira vez - e depois dela foram tantas... Há, porém, uma surpresa ainda mais surpreendente (assim mesmo, redundante) quando o museu nos revela algo que não esperávamos. Foi assim quando me deparei com a famosa Pedra de Roseta no British, logo na entrada. Esta pedra - datada do ano 196 a.C. e que os egípcios querem de volta (leia aqui) -, que eu estudei na escola e só vi em livros, estava ali, nua, à minha frente.

Não há como não se ter uma sensação de êxtase. Não há como não colocar a mente para viajar no tempo. Não há como não se deslumbrar. Infelizmente, tudo tem que ser tão rápido (ao menos para um turista de primeira viagem, como eu). Numa outra visita, prometo que tudo será diferente.

PS: ainda que se trate de um museu mais tradicional, algumas iniciativas ajudam a tornar a visita mais interativa. No British, por exemplo, algumas peças do acervo ficam à disposição do público para que possam ser tocadas, analisadas de perto, sob orientação de monitores voluntários.

Em tempo: eis uma preciosa dica para quem pretende visitar os grandes museus do mundo: chegue cedo, de preferência pouco antes do local abrir. E quando entrar, pegue um mapa e vá direto às peças mais importantes. Você verá que dentro de uma hora haverá milhares além de você querendo olhar o que você já viu.

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