Ratos na Europa
Quando a gente viaja, deve estar preparado para enfrentar uma série de imprevistos e surpresas, pequenas ou grandes. Para isso, é importante - como já salientei aqui - fazer um planejamento, além de possuir espírito de turista (ou seja, diante de um imprevisto, adotar as medidas que devem ser adotadas e seguir em frente).
Muitos desses imprevistos tornam-se até engraçados. Quem imaginaria, por exemplo, deparar-se com ratos em alguns cantos da Europa? Pois foi o que aconteceu comigo e com um amigo em abril deste ano. Tudo começou em Lisboa, nossa primeira parada. Acabávamos de cruzar uma passarela de acesso à região da Torre de Belém quando deparamo-nos com o sujeito lá, esticado. Estava morto, é verdade; ainda assim foi um tanto repugnante ver aquele rato ali.
Por puro preconceito, expressamos um injusto "tinha que ser em Portugal". O destino (ou melhor, o roteiro) se encarregaria de provar aquela injustiça com nossos patrícios. Estávamos voltando para o hotel em Bruxelas quando, na calçada, estava lá outro sujeito, bem grande, também esticado, inerte. Outro rato morto! Na Bélgica...
Amsterdã, porém, é que nos reservava a maior surpresa. Era fim da tarde de domingo e estávamos numa área repleta de bares - que, naquela altura, já se mostravam esvaziados (descobrimos depois que as pessoas vão embora após os jogos, que acabam entre 18h e 19h). Olhávamos em volta e simplesmente não conseguíamos imaginar um lugar para tomar uma cerveja e comer algo. Depois de muita indecisão, optamos pelo que parecia ser o barzinho mais "arrumadinho". Ele carregava a marca de uma famosa cerveja.
Entramos, pedimos a bebida e dois lanches. Eis que, quando começamos a comer, o amigo que me acompanhava disparou: "olha, tem um rato ali!". Obviamente não acreditei. Não que tivesse duvidado das palavras dele (o Cristiano não tem o costume de mentir). É que eu simplesmente não conseguia conceber a idéia de ter um rato andando num restaurante em Amsterdã. Continuei comendo meu lanche "hot" quando, de repente, um rato passou perto da mesa. Era pequeno, tipo camundongo, mas era um rato. E desta vez vivo! Começamos a rir. Não conseguíamos ter outra reação diante da situação surreal: jantando num bar em Amsterdã com um rato andando para lá e para cá.
Foi aí que começamos a reparar na sujeira. O chão era antigo, tinha um assoalho de madeira. Na parede, havia uma entrada no rodapé que permitia ao rato esconder-se tranqüilamente e sair a cada pedaço de comida que caía ao chão. Meu amigo ficou exaltado. "Me dá a máquina fotográfica!", pediu. E disparou a bater fotos do tal rodapé na torcida para que rato aparecesse.
Minutos depois, lá estava ele, o rato, cruzando novamente aquele assoalho. Na mesa ao lado, quatro mulheres - já alertadas pela nossa agitação - perguntaram: "Is it a mouse?". Na hora, confesso que pensei: "meu Deus, vamos responder que sim e vai ser uma gritaria aqui...". Que nada. Confirmamos que era um rato e até brinquei: "Yes, it's a mouse. May be it's Mickey Mouse". E elas simplesmente seguiram comendo. Como nós.
O mais surreal, porém, ainda estava por vir. Eis que um garçom passou ao nosso lado e meu amigo não hesitou em abordá-lo: "Mr., there is a mouse here". O garçom parou, olhou, esboçou um sorriso e respondeu com toda tranqüilidade: "A mouse? No. There is a lot of mouses here..." Simplesmente inacreditável. Após um breve silêncio, pasmos ante aquela afirmação, rimos e decidimos acabar de comer nossos lanches (no meu caso até quando a pimenta permitiu). Claro, com a companhia de nosso amigo rato, que insistia em aparecer de vez em quando.
"Bichos escrotos, saiam dos esgotos, venham enfeitar meu lar, meu jantar, meu nobre paladar".
Em tempo: para quem ficou curioso, não, não conseguimos fotografar o rato. O máximo que flagramos foi o chão.
A conquista dos espaços públicos
O Canadá, por Paulo Silas
A região de Quebéc nos remete às vilas típicas da França. Uma bela cidade, com um povo amável. Já Toronto conta com uma pincelada do Reino Unido, principalmente na língua inglesa, onde Center vira Centre.
Também não há como não falar sobre a sensação de liberdade, que provavelmente está distante dos brasileiros. Não há valor que pague poder caminhar nas madrugadas geladas e seguras do Canadá. Niagara Falls, divisa dos Estados Unidos, também é fantástica. As cataratas são fantásticas e uma parada nas casas de vinagem da região torna-se obrigatória."
Doces lembrancinhas
Arte é vida!
Um fato que cada vez mais chama minha atenção em minhas andanças é a presença da arte (principalmente nas grandes cidades) na vida cotidiana, muito além das paredes de um museu. Você anda pelas ruas em Nova York e se depara com uma série de obras de arte. Nas capitais européis, idem. Em São Paulo, idem. Vale qualquer tipo de manifestação artística, desde as mais "glamourosas" e tradicionais, como uma escultura de Joan Miró num jardim, até as mais bizarras e alternativas, como um grafite num muro qualquer (aliás, a chamada "street art" tem revelado muitos talentos e tem me chamado a atenção particularmente).
Em Madrid, uma instituição cujo nome não me recordo revitalizou uma área próxima aos grandes museus da cidade (Prado e Reina Sofia), transformando-a numa imensa obra de arte. É na verdade uma composição de vários objetos artísticos, na qual nem as paredes escapam (foram revestidas de plantas, chapas de aço e cores). Ficou interessante (eu vi e atesto).
Na Alemanha, pedras foram colocadas na rua para reproduzir uma das obras do pintor de arte abstrata Wassily Kandinsky na Praça da Bavária (eu não vi pessoalmente, mas a foto indica que o resultado foi também interessante).
Mais do que obras de arte, ou manifestações de arte, estes exemplos revelam algo maior: a vida nas cidades. Uma cidade não é só formada de casas e ruas; é, antes e acima de tudo, formada de gente e suas manifestações. E é esse conjunto que confere vida a uma localidade. Portanto, viajar é muito mais do que conhecer um lugar; é conhecer uma determinada sociedade e seu modo de vida. E é por isso que eu adoro viajar!
Zurique, um paraíso
Olha o passarinho!
Supermercados, um prazer
Houve quem se espantasse com essa mania até certo ponto extravagante. Supermercado? Seria desnecessário tentar explicar. Se há um local que resume uma cultura, seus gostos alimentares, sua economia, seu modo de vida, é o supermercado. Sem contar que, estando em outro país, inevitavelmente surgirão produtos inusitados, como o Roscón dos Reyes na Espanha (algo como o nosso panetone, só que em formato de rosca). Sim, na Espanha se come o roscón dos reyes...
Ah, sem contar que em alguns lugares os supermercados viram a meca da refeição barata!
Sim, os supermercados são reveladores e surpreendentes. Para quem se dispõe a conhecer a fundo uma comunidade, eles são prato cheio. Sem contar que divertem. Eu passo minutos (talvez horas) andando por entre as gôndolas prazerosamente, olhando preços, marcas, nomes, utilidades. Aprendendo.
Portanto, em sua próxima viagem, pense bem quando cruzar com um supermercado em seu caminho. Ainda que seja breve, uma passada por suas prateleiras pode ser uma boa experiência.
Os encantos de Natal
Caminhar é preciso
Souvenir 1
O resultado é muito interessante. Confesso que, como turista, sempre quis fazer aquelas coisas básicas, como simular que estou com a Torre Eiffel na mão (ou empurrando a Torre de Pisa, quando estiver na Itália), mas o inglês foi muito mais criativo - até por isso ganhou destaque e eu não.
Com esse trabalho, Hughes deu uma definição interessante sobre os souvenires - que dedico a um amigo que tirou tanto sarro do Manneken Pis (o menino mijão de Bruxelas) e acabou pegando para ele a estatuazinha do dito cujo. "Nada é sagrado no mundo dos souvenires e eles nos tocam mesmo sendo cafonas".
Em tempo: abaixo algumas criações de Hughes. Para quem tiver curiosidade, o acervo dele está disponível no Flickr: http://www.flickr.com/photos/michael_hughes/sets/346406.
Souvenir 2
A Alemanha é linda
A Alemanha é surpreende. Claro que ela não tem a fama de Paris e Londres, mas tem uma história tão rica quanto a desses lugares e pontos turísticos tão fascinantes quanto o de qualquer outro país europeu. Encontram-se castelos, por exemplo, por todo canto. Vêem-se cidades fenomenais (como Munique). Topa-se com o calor da Segunda Guerra – e do nazismo – em cada esquina (muitas vezes não fisicamente, mas na alma das pessoas e dos lugares). Sim, a guerra faz parte da vida da Europa e a Segunda Guerra ainda expõe suas cicatrizes (pois a geração que a viveu ainda está aí para contar suas histórias). As divisões ainda são visíveis (a parte oriental é muito diferente da ocidental, de quem esteve separada durante décadas).
A Alemanha tem carrões, que trafegam a 200 km/h nas suas belas auto-estradas (as autobahn); a Alemanha tem cervejas, muitas; tem spretzel; tem gente que acolhe os turistas, muitas; tem gente que os abomina simplesmente porque não falam alemão, e sim inglês. A Alemanha é organizada, politizada, tem belas igrejas (a Catedral de Colônia é fenomenal), belos metrôs, belas vilinhas (como Odenthal e Schwäbisch Hall), belos rios (o Reno é lindo). A Alemanha tem uma língua indecifrável, uma comida surpreendentemente boa (eu detesto a culinária tradicional alemã, mas a do dia-a-dia é interessante), tem uma completa falta de jogo de cintura que nos faz rir (nós, brasileiros, campeões do “jeitinho”). A Alemanha tem, é claro, belas alemãs, outras não tão belas assim (aquelas que se parecem com generais). Tem belas florestas, belos parques, um clima delicioso (para quem gosta de um certo frio), é moderna e antiga ao mesmo tempo.
Sim, se alguém me perguntar, responderia sem hesitação: vale a pena conhecer a Alemanha. Eu voltarei para lá, tenho certeza disso.
PS: esta postagem é uma homenagem ao Hans e sua esposa Christine; à dra. Lotte Köhller; ao dr. Albert Schimidt; à Renate Hahn; à Jussara e ao Joahnnes; e às “moças” de Möschied, Érika e Johanna, que quase me pediram em casamento.
NY, NY
Esquina do mundo (Start spreading the news), multifacetada (I'm leaving today), heterogênea (I want to be part of it), terra da liberdade (These vagabond shoes), metrópole (Are longing to stray), centro financeiro (Right through the very heart of it), cidade que nunca dorme (I wanna wake up in a city), nunca (That doesn't sleep)!
Coração da América (And find I'm king of the hill), terra das oportunidades (Top of the heap), onde se dita moda (These little town blues), onde jogam os Knicks (Are melting away), os Rangers (I'll make a brand new start of it, In old...), terra de Woody Allen (If I can make it there), de Sinatra (I'll make it anywhere)!
Cidade do MoMA (I want to wake up in a city), do Guggenhein (That never sleeps), da Little Brazil (And find I'm a number one), do Central Park (Top of the list), da Quinta Avenida (King of the hill), da Estátua da Liberdade (A number one), do Empire State (I'm gonna make), da Broadway e seus musicais (A brand new start of it, in old...)!
Terra estrangeira (And if I can make it there), minha e de todos (I'm gonna make it anywhere), da vida e da morte (It's up to you), a Big Apple (New York), que saudade de você (New York)!
PS: a música a seguir é, de fato, pouco original para retratar Nova York, mas ninguém ainda cantou melhor esta cidade.
Momentos únicos
Um "maldito português"
Os metrôs
Santos da minha infância
Como toda criança, acordava já ansioso para ir à praia. Lembro-me bem que no Edifício Planeta, a janela social do 10º andar era mais baixa - e só lá eu conseguia enxergar a praia. Então, logo após o café, corria com meu irmão três andares acima para ver se já estava sol. Aquela imagem era mágica: prédios para todos os lados e aquele mar à frente. Não via a hora de descer.
Enquanto aguardava os preparativos familiares, meu irmão, eu, meus primos e amigos que nos acompanhavam gostávamos de brincar pelos corredores, ir ao 10º andar pela escada, subir e descer pelo elevador, usar o elevador da direita (meio capenga que dava medo!), subir e descer a escadaria principal do prédio, em formato de meia-lua, colocar o lixo prédio abaixo (lá ainda havia aquele sistema em que você solta os sacos por um duto e eles despencam até a garagem, fazendo barulho a cada pancada na lataria). Enfim, tudo era diversão.
A única coisa que me irritava era a falta de uma TV decente. Costumávamos levar uma TV preto e branco do meu irmão, pequena e que pegava poucos canais. Para ela funcionar, era preciso usar um transformador pesado, um monstro, que eu só via nas férias em Santos. Adorava o cheiro de apartamento fechado, curtia as idas a um supermercado próximo (cujo nome não me recordo), onde costumávamos almoçar ao menos uma vez (não me lembro bem porque, mas o fato é que o supermercado tinha um restaurante suspenso que eu adorava!).
À tarde, quando meus pais descansavam, nossa diversão era subir até o 10º andar e apertar a campainha de um apartamento cuja porta era diferente, chique. Diziam que era da irmã de um ator, cujo nome também não me recordo. Acho que não era. O fato, porém, de ser a única porta de madeira escura num prédio cheio de portas brancas chamava nossa atenção e representava um desafio. Que tolice, quanta inocência, apertar a campainha e descer correndo pela escada. Era o máximo de nossa molecagem...
Quatro anos mais velho do que eu, meu irmão adorava me pregar sustos. Entrávamos no elevador e logo ele dizia: "vou apertar o botão de parar o elevador". E ria. Eu ficava assustado, com medo. Tonto como qualquer irmão menor, eu sempre pegava o elevador com ele e ele sempre vinha com a mesma história... No fundo, aquilo tudo era uma diversão. Sentíamos uma liberdade diferente.
E era com meu irmão que eu freqüentava uma casa de jogos próxima. Meus pais controlavam nossa ida ao local por dois motivos: 1) consumia dinheiro; 2) não era um local tão apropriado, pensavam. Que nada! Eu adorava passar horas lá sentado naquela máquina que simula um carro. Enquanto meu irmão usava todo o dinheiro (eu jogava uma vez a cada dez jogadas dele...), eu ficava naquela ilusão de que o jogo de carrinho estava funcionando. Virava a direção, pisava no freio e a imagem era sempre a mesma, a de demonstração do jogo. Ainda assim me divertia e torcia para que ninguém chegasse para jogar de verdade (e ninguém chegava porque aquele era um jogo muito infantil...).
Ah, como eram boas as férias em Santos. Desde a chegada ao Edifício Planeta - quando o "seu" Zé, o zelador (que tinha uma bela filha, a Belinha), dizia para meu pai: "e aí, Limeira, como está?" - até o encontro com as pessoas mais velhas no elevador e nas ruas, quando sempre ouvíamos calorosos "bom dia!", tão ausentes na atualidade... Tenho saudade até do tradicional ritual antiqueimadura: após o banho, minha mãe passava algo parecido com álcool no nosso corpo e depois algo parecido com maizena para refrescar. Ficávamos todos por algum tempo sem poder encostar em nada, vermelhos de sol, brancos de maizena.
Sim, é inevitável ter boas recordações de Santos. Uma postagem apenas não seria suficiente para recordar de todas as boas histórias lá vividas. Aos poucos vou contando mais dessas aventuras, que ficaram guardadas na mente e no coração.
PS: Segundo o site oficial de Santos, a Avenida Conselheiro Nébias - uma das principais vias da cidade - é uma homenagem ao santista Joaquim Otávio Nébias, nascido em 1811, que foi juiz municipal (1834), deputado provincial (1835) e conselheiro imperial de dom Pedro 2º.
Uma cidade eletrizante
Obs: a foto que ilustra esta postagem foi retirada do site www.uol.com.br
Aos pés da Torre Eiffel
PS: este vídeo foi feito apenas como teste. Nas próximas viagens, prometo vídeos melhores.
Um lugar chamado Notting Hill
May be the face I can't forget.
A trace of pleasure or regret
May be my treasure or the price I have to pay.
She may be the song that summer sings.
May be the chill that autumn brings.
May be a hundred different things
Within the measure of a day
Londres é encantadora. Como toda grande cidade, a capital da Inglaterra é uma mistura de um monte de pequenas "cidades". E uma dessas "cidades" eu sonhava conhecer. Quando um amigo e eu iniciamos um roteiro de viagem, eu sempre fazia referência ao lugar - que geralmente ficava em segundo plano, mas nunca era esquecido. Não sabia - como até agora não sei - porque exatamente queria ir até lá. Obviamente que a origem disso tudo é o cinema - não fosse assim talvez sequer conhecesse um lugar chamado Notting Hill.
She
May be the beauty or the beast.
May be the famine or the feast.
May turn each day into a heaven or a hell.
She may be the mirror of my dreams.
A smile reflected in a stream
She may not be what she may seem
Inside her shell
Notting Hill não é propriamente belo. Para quem assistiu ao filme, é exatamente o que se vê. Chega a ser um pouco cansativo tamanha a quantidade de pessoas se espremendo nas ruas. É um lugar onde há muitos imigrantes. Ainda assim, entrar numa espécie de cantina, pequenina, apertada, pedir uma pizza, comê-la em pé pela falta de espaço, é algo que só um turista de coração aberto pode apreciar.
She
who always seems so happy in a crowd.
Whose eyes can be so private and so proud
No one's allowed to see them when they cry.
She may be the love that cannot hope to last
May come to me from shadows of the past.
That I'll remember till the day I die
É, Notting Hill não é propriamente belo, mas tem um charme curioso. É até um tanto frenético numa cidade certinha (o que não significa dizer monótona, chata). O bairro tem lojinhas velhas e sujas, muitas daquelas que lembram nossas lojas de R$ 1,99, mas também tem espaços novos, interessantes. Foi uma pena não poder apreciar com mais tempo e mais calma as vitrines - tanto pela quantidade de pessoas como por uma chuva que fez questão de cair naquele momento.
She
May be the reason I survive
The why and wherefore I'm alive
The one I'll care for through the rough and ready years
Me I'll take her laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be
The meaning of my life is
Impossível foi andar por Notting Hill sem ficar cantarolando na mente a música principal do filme - que, por sinal, é encantadora. A música até que não combina muito com o aspecto do bairro, ainda que se encaixe no clima do lugar (se você se dispuser a mergulhar nesse clima). Não sei bem a razão, o fato é que gostei de lá. Na próxima parada em Londres, vou fazer questão de comer uma pizza num lugar apertado, tomar um café num lugar aquecido, olhar as lojinhas velhas e sujas com mais calma, enfim, passear por um lugar chamado Notting Hill...
She, she, she!
Os templos da arte moderna
Havia recentemente uma exposição de Duchamp na Tate Modern, em Londres. Era uma das mostras temporárias dentro do museu - o que significa dizer que pagava-se à parte por ela. Duchamp é um ícone do movimento que representa. O que numa época se considera arte moderna ou contemporânea, via de regra teve raiz numa tentativa de romper paradigmas, na ruptura. E toda ruptura é dolorosa. Com Duchamp não foi diferente. O artista enfrentou resistência - e o tempo encarregou de dar-lhe um lugar devido na história.
Mas não é exatamente sobre Duchamp que quero falar. A exposição em São Paulo apenas me remeteu ao prazer de visitar museus de arte moderna. São meus favoritos. Antes que alguém não compreenda (porque o ser humano é excludente, movido a binômios, sim ou não, preto ou branco, certo ou errado...), afirmar que gosto mais de museus de arte moderna não significa dizer que não goste de todos os demais. É impossível não se encantar pelo Louvre, pelo Museu do Imigrante, da Língua Portuguesa, de História Natural, enfim...
Os museus de arte moderna, porém, são divertidos. Coloridos, chocantes, desafiadores, malucos (sim, é preciso ter uma boa dose de loucura para imaginar - e entender - muitas das obras). Gosto de brincar entre as peças, colocar-me no meio delas, fazer fotos. Como são divertidos os museus de arte moderna!
Portanto, tendo a oportunidade, não deixe de ir ao MoMA, em Nova York; à Tate, em Londres, ao Centro George Pompidou, em Paris; ao MAM, em São Paulo. Você poderá até estranhar, mas não há como ficar indiferente.
Protestos pelo mundo
Aeroportos, rostos e destinos
Todos os dias é um vai e vem
a vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir
São só dois lados
da mesma viagem
O trem que chega
é o mesmo trem da partida
A hora do encontro
é também despedida...
(Encontros e despedidas, de Milton Nascimento e Fernando Brant)
Tenho apreço por aeroportos. Mais que isso, atração mesmo! Isso está ligado ao meu espírito – como bom sagitariano, aventureiro e livre. Chama-me a atenção aquela movimentação de pessoas indo e vindo, aqueles rostos na expectativa da viagem dos sonhos, do primeiro vôo, de apenas mais um vôo, rostos felizes, rostos cansados.
Na verdade, o que me atrai é imaginar as histórias que cada rosto esconde. É incrível imaginar que todos ali, juntos naquele instante, estarão daqui a pouco em lados quem sabe até opostos, como na Inglaterra e na África do Sul. Cada rosto tem um destino, cada destino tem uma história – e é nisso que penso sempre que estou num aeroporto aguardando aquelas horas intermináveis até o embarque. Para onde irá aquele jovem? O que fará aquele casal em Frankfurt? “Última chamada para o vôo TP 1845 com destino a ‘Geneve’”, diz o sistema de som. “Geneve!” Um dia irei para “Geneve”, penso.
Sim, os aeroportos são locais encantadores. Conseguem unir pessoas de todos os cantos do mundo (ora, se a Terra é redonda, quem inventou esse negócio de cantos?). Há vôos partindo para Manaus, Curitiba, Nova York, Tóquio, Lisboa e Frankfurt. A cada minuto, uma decolagem, vidas subindo rumo aos seus destinos. A cada minuto, uma aterrissagem, vidas chegando em seus destinos. Vidas indo, vidas vindo, aeroportos... E pensar que daqui a pouco eu estarei em Paris...
PS: qualquer hora escreverei sobre alguns aeroportos específicos.
Plano de viagem 2
Numa recente viagem, eu e um amigo percebemos esse fenômeno a tempo de alterar o roteiro em todos os dias em que reservamos visitas a museus. Foi essencial. Em alguns casos, apenas chegar cedo não bastou. Era preciso tirar vantagem disso. No Louvre, por exemplo, tão logo entramos, decidimos correr para ver todas as grandes atrações básicas – uma lista que incluía a Vitória de Samotrácia, a Vênus de Milo e a Monalisa. Deu certo.
Por curiosidade, voltamos posteriormente a essas atrações. E nos divertimos. Em meio à multidão, parecíamos dois alienígenas pouco interessados em ver a Monalisa. Naquela hora, queríamos mesmo é ver a muvuca (que você também pode ver na foto acima).
PS: para chegar cedo e aproveitar bem os museus, é necessário saber o horário de abertura. Confirme em guias e nos sites oficiais para não ter problemas. Lembre-se: uma hora fará toda a diferença. No único museu em que entramos “fora do horário”, imaginávamos que o fechamento seria às 18h. Fizemos a visita nesse ritmo. Eis que 17h15 o sistema de som informou que o museu fecharia em 15 minutos. Foi uma correria – e o pior é que tínhamos deixado o melhor para o fim. Pois é, um erro estratégico e o Museu D'Orsay deixou aquele gostinho de “quero mais”.
Amsterdã sem tulipas
Embora os canais sejam realmente encantadores, dão um ar diferente à cidade; embora as prostitutas nas vitrinas sejam algo inusitado, estranho; embora existam efetivamente bares que vendem maconha, não foi nada disso que mais me chamou a atenção. Foram as bicicletas. Eu já sabia que elas eram um meio de transporte em Amsterdã; ainda assim, confesso que me surpreendi em como elas estão inseridas na vida do cidadão. Era curioso ver pela manhã pais saindo de casa para o trabalho em bicicletas, levando nas cestinhas os filhos para a escola.
Um outro fato me chamou a atenção. Um "não-fato". Tinha uma expectativa enorme para ver as tulipas. Encontrei-as em jardins de outras cidades - Lisboa, Madrid, Londres, Paris... Não em Amsterdã. Pode ser que não tenha procurado no lugar certo, olhado na direção certa, mas na terra das tulipas esperava esbarrar nelas a cada esquina. Não foi assim. Não vi tulipas em Amsterdã. Não vi tulipas na Holanda... É certo que as circunstâncias fizeram com que deixasse de alugar um carro para ir até Keunkenhoff, onde há um campo de flores, mas ainda assim cruzei o país de trem e nos campos havia apenas... verde. Foi uma decepção!
Apesar disso, Amsterdã é bela, única, os canais são encantadores, as prostitutas na vitrina são uma cena inusitada e a maconha... bem, deixa para lá...
O tal fundo azul...
Arte - uma questão de referencial
Paris - o belo e o feio
Paris é uma cidade. Claro que isto é óbvio. Trata-se, porém, de uma obviedade necessária de ser dita. É que o glamour, a aura que a cerca, seu charme, romantismo e esoterismo a transformam em algo quase sobrenatural, fantástico. Nisto não há surpresa. O que poucos imaginam encontrar em Paris - ao menos na primeira viagem - é justamente... uma cidade. Um lugar onde há pessoas bem e mal humoradas, onde há carros buzinando, onde há favelas e sujeira, onde as pichações chamam a atenção de um brasileiro em tese acostumado a tamanha falta de educação em suas cidades.
Paris tem vida, é uma cidade como todas as outras grandes cidades, ainda que tenha a Torre Eiffel, o Louvre, o Arco do Triunfo... - e isto faz toda diferença!
Um amigo que esteve recentemente em Nova York e Paris, nas duas ocasiões debutando, costuma exclamar com alegria: "são como São Paulo!". Claro que cada lugar tem suas especificidades. Ele se refere, porém, ao clima da cidade. E não deixa de ter razão (quem o ouve sabe o que ele está querendo dizer). Ainda assim, Paris surpreende. Pelo que tem de belo, sim, mas também pelo que tem de feio. Esta é a reação de quem tinha absoluta certeza de que encontraria na capital francesa todo o glamour, o charme, o romantismo e o esoterismo que a caracterizam, mas nunca imaginou ver tantas pichações, tantos guetos, tanta vida...
PS: usar a palavra "feio" é uma provocação que me impus. Desde que vi Paris pela primeira vez, desejei chamá-la de feia. Apenas para provocar...
Plano de viagem 1
1) Planejamento é essencial. Faça um roteiro, familiarize-se com os lugares, as ruas, as estações de metrô. Provavelmente você acabará mudando o roteiro na hora "h" e o planejamento será essencial para isso.
2) Atenção com os plugues de câmeras e outros aparelhos em viagens ao Exterior. Leve adaptador, pois você pode correr o risco de ficar sem carregar as baterias.
3) Em geral, aeroportos ficam distantes dos centros urbanos. O transporte de um local a outro pode custar caro. Planeje estes gastos. Via de regra, aeroportos possuem sistemas de ligação com os centros por trem ou metrô - o que pode tornar o percurso mais barato.
4) Não subestime o frio. Definitivamente!
5) Atente-se aos horários de vôos. Pode ser que você tenha que acordar às 3h para pegar um avião às 7h...
6) Em alguns trajetos, verifique se realmente ir de avião é melhor do que de trem. O percurso pode até ser mais rápido voando, mas é preciso considerar o tempo que se perde antes e depois nos aeroportos (entre 3 e 4 horas).
7) Na hora de alugar um carro, informe-se sobre o uso de GPS. Algumas locadoras não alugam o aparelho se você pegar o veículo num país e devolvê-lo em outro (o que é comum na Europa).
8) Comprar passes de metrô para os dias que você estará na cidade é sempre mais barato do que ficar comprando dia a dia.
Turbulências (two, four, five!)
Sim, é a Ele que apelo sempre que a situação aperta. Até hoje deu certo. Incrivelmente, sempre que uma turbulência passa do normal (existe uma "normal"?), meus apelos são ouvidos quase que de imediato. O avião retoma o que se convencionou chamar de "céu de brigadeiro". E eu adoro brigadeiro!
O mais curioso é que já gostei de turbulência. Tudo bem, eu tinha 13 anos e tudo era festa, mas gostei daquela tremidinha a 12 mil metros de altura. Hoje, chego a sentir pavor, talvez só superado pelo momento da decolagem. Nutro amor e ódio pelas decolagens. Aprecio aquela velocidade insana, aquela aceleração rápida, mas imaginar que aquelas toneladas poderão não subir é agoniante.
E olha que eu tenho fascínio por aviões. Guardo todos os cartões de embarque. Costumo dizer que sou um piloto frustrado. Como passageiro, porém, a sensação de não estar no comando da situação mexe com os nervos. E até de quem voa muito - vide o inglês que sentou ao lado do meu amigo e só sabia repetir "two, four, five" ou algo assim.
Em tempo: apesar de tudo, voar é preciso. O avião reduz as distâncias. Hoje, é possível tomar café da manhã em Paris, almoçar em Lisboa e jantar em Limeira num mesmo dia; mas que manter os pés no chão, longe das turbulências, é atraente, isto é! Ainda assim, eu vôo. Afinal, é o avião que nos leva mais facilmente a qualquer canto do mundo...
"Laissez-faire"
Já perto do fim da viagem, no penúltimo dia em Paris, fiquei pensativo. Muito pensativo. Sabia - e passei por isso mais uma vez - que uma viagem dessas muda paradigmas. Faz pensar sobre uma série de coisas. Nas minhas reflexões, lembrei-me de uma frase vista num letreiro no Centro George Pompidou. Dizia simplesmente: "Laissez-faire". De imediato, recordei-me das aulas de história - o tal "laissez faire, laissez passer". Comentei com o amigo que viajava comigo. O assunto parou ali. Até que o retomei do nada naquele penúltimo dia em Paris. Disse-lhe: "a partir de agora, vou adotar a filosofia do 'laissez faire'". Expliquei o que pensava. Ele riu.
O fato é: viagens ajudam a mudar as pessoas. A moldar as pessoas. Para mim, a partir de agora, "laissez faire"!
PS: segundo o Wikipedia, "laissez faire" é a contração da expressão francesa "laissez faire, laissez aller, laissez passer" - "deixai fazer, deixai ir, deixai passar". A frase é legendariamente atribuída ao comerciante Legendre, que a teria pronunciado numa reunião com Colbert no final do século 17. Contudo, a ligação da frase com a doutrina econômica que a marcou historicamente remonta ao século 18. Ela resumia a defesa do mercado livre.
Ah, museus... - parte 2
Quando criei este blog, decidi que só comentaria sobre lugares que conheço. Como já estive em ambos os museus sugeridos, aí vão os comentários:
* Museu Imperial - Considerando que o Brasil teve - na comparação com países de tradição real - um curto período imperial, este lugar é o máximo. A arquitetura é bela, em estilo neoclássico, o que por si só já valeria uma visita. O museu em si guarda as "jóias" (no sentido literal e figurado) do império brasileiro. É uma viagem por uma época que dificilmente voltará. Apenas por curiosidade, o prédio - residência de verão da família real - foi construído entre 1845 e 1862. Antes, em 16 de março de 1843, um decreto do imperador Pedro II criou Petrópolis. A transformação do lugar em museu ocorreu em 16 de março de 1943 (curiosamente um século após o decreto do imperador) por meio de um decreto do presidente Getúlio Vargas.
Em tempo: em Petrópolis, cidade que carrega em seu nome a marca do império, existem muitos outros lugares para ir - ligados ao período imperial (como o Palácio de Cristal) ou não (como a casa de Santos Dumont, interessantíssima).
* Masp - Confesso que a última vez que passei por ele, no ano passado, tive uma certa impressão de desleixo nos arredores. Contudo, o mais importante do Masp é o seu acervo (e é sempre agradável ver uma obra de arte) - embora o prédio seja um marco da paulicéia desvairada, uma obra-prima da arquitetura, um desafio à lógica daqueles que nada entendem de engenharia.
PS: para quem quiser arriscar um passeio virtual, os sites destes dois museus são http://www.museuimperial.gov.br/ e http://masp.uol.com.br/.
Ah, museus...
Assim como igrejas são templos da fé, museus são templos do conhecimento.
Para muitas pessoas, são passeios chatos. Trata-se de um pré-julgamento – embora, reconheço, seja necessária uma boa dose de disposição para ir a um lugar desses. Disposição física e emocional. É preciso estar disposto a vivenciar experiências, do contrário o museu será nada além do que... um museu.
Para tantas outras pessoas, museus são meros pontos turísticos. Logo, vai-se ao Louvre porque lá está a famosa Monalisa, do mestre Leonardo Da Vinci. É quase como cumprir um dever – o tal “estive lá”. Passam pelo museu como se estivessem em um estádio de futebol.
Para algumas pessoas, porém, os museus têm alma. Vão muito além de quadros e objetos. São verdadeiras experiências – cujas sensações são quase indescritíveis. Pretendo a qualquer hora escrever sobre isto. Desta vez, porém, prefiro fazer a minha lista de museus. Iria colocá-la no espaço “minha lista de...”, mas lá não caberiam comentários. Então, aí vão (sem qualquer ordem de importância):
1) Casa do Emigrante (Auswanderhaus) – Bremerhaven (Alemanha) – um museu novo, em formato de navio, que conta a história das pessoas que emigraram para a América no século 19. Moderno, diferente, sensacional. O visitante é levado a tornar-se um emigrante.
2) Museu da Língua Portuguesa – São Paulo, SP – diferente, como não podia deixar de ser. Afinal, como contar a história de uma língua? É preciso muita criatividade – e este lugar tem de sobra. Basta dizer que o visitante é levado a “sentir” – isto mesmo – a língua portuguesa. A sala dos poemas é simplesmente fenomenal!
3) MoMa (Museu de Arte Moderna) – Nova York (EUA) – Você pode visitá-lo (como um espectador) ou senti-lo (que tal interagir com as obras, ainda que isto se dê no seu íntimo apenas?). Encontrar a versão de Andy Warhol sobre Marilyn Monroe e “O tocador de Alaúde” pintado por Joan Miro foi particularmente emocionante. Ah, visitar este lugar com um amigo entusiasmado é ainda melhor.
4) Museu de História Natural – Nova York (EUA) – Conhecer este lugar era um sonho. Por um único motivo: o T-rex. Sim, é possível com um pouco de esforço imaginar-se alguns milhões de anos atrás correndo de um tiranossauro, cujos dentes afiados e ameaçadores estão apenas alguns palmos à frente. E tem muito mais!
5) Museu da Aviação – Washington, D.C. (EUA) – Confesso que imaginava ver muito mais daqueles caças F-qualquer coisa que a Força Aérea americana desfila por aí. Ainda assim, é um lugar diferente, que conta um pouco da história da aviação e da conquista do espaço (a parte espacial é, sem dúvida, a mais atraente).
PS: Há muitos outros interessantes que merecem estar nesta lista, caso do Metropolitan (Nova York) e de alguns palácios que se constituem em verdadeiros museus. Busquei, porém, fazer uma seleção de estilos diferentes. Haverá oportunidade para comentar sobre os demais. O importante é saber que - parafraseando o grande Fernando Pessoa - todo museu vale a pena se a alma não é pequena.
Para ti, para todos
Fundada em 1597, Paraty oferece um pouco de tudo: uma rica arquitetura colonial, preservada como em poucos lugares; pontos de elevado valor histórico; uma cultura invejável (não é à toa que lá se realiza a Flip, uma das mais tradicionais feiras literárias); aventura e ecoturismo nas trilhas e cachoeiras; e um mar deslumbrante, recheado de ilhas belas (com o perdão do trocadilho). Para temperar tudo isso, o clima - não o geográfico, mas o psicológico, aquele que não é captado pelas previsões, que está em cada detalhe, invadindo a alma de quem por lá passa.
Se tivesse que definir Paraty em uma palavra, diria "mágica"! Uma magia irradiante, que se acentua com o entardecer e se renova ao nascer do sol. E se não bastasse, Paraty ainda tem um nome poético, como se definisse um lugar feito para ti, para mim, para todos nós. E fica logo ali, a 23º56’26” S de latitude e 46º19’47” W de longitude. O que está esperando?
PS: para saber mais sobre Paraty, acesse http://www.pmparaty.rj.gov.br/
Uma outra viagem
Parei. Fiquei uns 30 segundos pensativo. Não sabia o que falar. Senti a responsabilidade da resposta. Nunca tinha parado para fazer essa viagem ao meu íntimo e, paradoxalmente, esta é a viagem que mais tenho feito nos últimos tempos. Na verdade, nunca alguém tinha me perguntado sobre isso assim, em público. Respirei fundo, mergulhei no fundo da alma, lembrei do que tinha escrito neste blog no espaço destinado ao perfil e comecei a falar."Sou jornalista por uma questão sangüínea, como disse no meu blog." O resto desta viagem ficará reservado àquelas pessoas que estavam lá. Não conseguiria repetir com tanta profundidade - e aquela manifestação exigiria isso. Senti-me estranhamente bem. Senti que naquele momento cumpri o meu papel...
PS: ... reforçou-me esse sentimento ouvir um amigo dizer: "Piscitelli! Deu até vontade de chorar". Ante um olhar inquisidor, ele reafirmou. "Deu mesmo!". Como sei que ele é sincero, deve ser verdade. E ele deve ter ficado com vontade de chorar mesmo. Só não quis fazer isso em público...
Ocidente e oriente, passado e futuro
Este é um trecho de uma reportagem assinada por Jocelyn Auricchio para a Agência Estado. Uma boa síntese, que me fez pensar na Argentina e no Japão. E em diferenças culturais. Conhecer Buenos Aires, a capital argentina, é mergulhar num lugar que parece viver do passado. Sim, a cidade é bela, um pedaço da Europa na América do Sul. E é justamente isto que se torna sua qualidade e seu defeito (talvez esta seja uma palavra forte...). É inevitável sentir um certo clima de melancolia, uma tristeza no ar de quem já não é mais o que um dia foi... É um tango.
Tóquio, a capital japonesa, é o oposto. Vê-se a tradição em muitos cantos, mas predomina o ar de modernidade. Ao contrário de Buenos Aires, o clima é "hi-tech", de quem já é o que os outros talvez um dia serão.
Mi Buenos Aires querido,
cuando yo te vuelva a ver,
no habra más penas ni olvido
(Letra: Alfredo Le Pera; música: Carlos Gardel, 1934)
*** Se você quiser ler toda a reportagem mencionada, acesse os comentários logo abaixo.
Uma cidade, outras cidades
Claro que todos vão querer saber da Estátua da Liberdade (a tal "miss"). Vão considerar uma blasfêmia não ter ido ao local. Poucos - ou ninguém - vão perguntar sobre uma praça repleta de estudantes no Village. Não estranharão a sua ausência. A famosa estátua estará no relato de dez entre dez turistas que forem a Nova York. A tal praça, ao contrário, será um relato quase único (triplo no meu caso).
Há, sim, uma cidade feita para turista. E isto é bom! Há, também, uma outra cidade, reservada aos olhares mais atentos e dispostos. É a mistura de ambas que enriquece uma viagem. Limitar-se à primeira fará de você mais um turista. Ir além o tornará um turista único. Afinal, longe dos pontos turísticos, cada um faz a sua própria cidade.
Em tempo: em Nova York, não deixe de ir a qualquer pequeno restaurante do Village. Se bobear, alguém dirá que os brasileiros estão voltando e que os americanos são "open mind", mas não a ponto de eleger um... deixa para lá. Quem sabe você não encontra por perto a tal praça repleta de estudantes?
Postagem em destaque
A Veneza verde do Norte
A tecnologia que empresas suecas levam mundo afora hoje em dia não é um acaso. O país tem vocação para invenções e descobertas. O passado v...
mais visitadas
-
Não costumo dar dicas de hotéis ou restaurantes (ou sequer dicas quaisquer) neste blog, cuja proposta é trazer relatos e crônicas de viagen...
-
E já que na Suíça não dá para perder hora, o país ficou famoso também pelos relógios. As melhores marcas do mundo estão lá. Em Genebra, te...
-
De Milão a Lugano, chega-se em uma hora por trem. Atenção (e esta dica é essencial): leve o passaporte, você cruzará a fronteira da Itália p...
-
A tecnologia que empresas suecas levam mundo afora hoje em dia não é um acaso. O país tem vocação para invenções e descobertas. O passado v...
-
Foram dez estados, mais o distrito federal (lá chamado Distrito de Colúmbia). Praticamente um dia de viagem, em três etapas. Uma jornada po...