A multicultural Toronto

"Sua diversidade cultural e urbanidade não têm limites, embora jamais possa ser considerada uma selva urbana: Toronto é arborizada e tem inúmeros parques. Difícil imaginar cidade melhor para se explorar no verão."
Sarah Wildman do "New York Times Syndicate"


Toronto é a maior cidade do Canadá. Fica na província de Ontario, na porção inglesa do país. A influência inglesa, aliás, está presente em muitos pontos da cidade – conhecida mundialmente por seu multiculturalismo. Toronto mistura, quase à perfeição, um certo ar provinciano e metropolitano, guarda lembranças de um passado monárquico e revela os traços do presente de uma democracia parlamentar (embora ainda mantenha ligações com a monarquia inglesa, que lhe deu origem, por meio da Comunidade Britânica de Nações – unidade formada por 54 países, dos quais 16 têm no rei/rainha da Inglaterra seu chefe de Estado)*.
Os traços aristocráticos podem ser vistos, por exemplo, em um dos principais parques da cidade, o Queen´s Park. Ele abriga a Assembleia Legislativa de Ontario, um prédio de arquitetura imponente. Perto dali fica a Victoria University – nome com referência na monarquia britânica, o que se vê também em outros locais. Já a famosa Casa Loma ajuda a contar um pouco da história do país como ex-colônia (a elite local gabava-se de manter, tentar ou propagar ligações com a nobreza britânica).




A influência da monarquia, porém, acaba aí. Nas ruas, o que se vê mesmo é uma cidade vibrante, que emana cultura e modernidade. Como em toda grande cidade do mundo, as colônias estrangeiras (marcadamente a chinesa e a italiana) são bastante presentes. O número de norte-americanos (em razão da proximidade dos países) e de brasileiros também é grande.
Toronto, contudo, serve de abrigo para gente do mundo inteiro. É justamente este ecletismo cultural e linguístico que dá à cidade um ar multicultural. Em algumas ocasiões, chega a ser difícil imaginar que o morador tenha laços profundos com o lugar – no Roger Centre, a partida do Blue Jays (o time de basebal local) a que assisti estava longe de ter arquibancadas lotadas.
A agitação se concentra na região de Yonge-Dundas Square, a versão local e reduzida da Times Square nova-iorquina. Seus paineis luminosos em profusão, ao mesmo tempo em que conferem um brilho e um colorido especiais à área, ofuscam a visão. É preciso reconhecer, porém, que eles dão o clima do lugar. É lá que se cruzam os vários tipos de pessoas que moram em Toronto e passeiam pela cidade. É lá que se concentram os artistas de rua, disputando espaço, público e gorjetas. Alguns deles são estudantes buscando reforçar as finanças.
A praça também abriga ao seu redor eventos, bares (como o Hard Rock Cafe e a “The 3 Brewers”, esta já na Yonge Street, a dez metros da Dundas Square), shoppings (estão ali o Eaton Centre e o Metropolis-Life Square, complexo de escritórios e entretenimento localizado no 10 Dundas East). Isto sem contar o acesso a uma das principais estações do metrô da cidade.







A arquitetura da capital de Ontario também exibe os contrastes do passado e presente. Aqui e acolá é possível encontrar edificações com características vitorianas, mas hoje prevalecem mesmo os desenhos futuristas. A prefeitura e a CN Tower, principal cartão-postal da cidade, são exemplos disso, mas estão longe de serem os únicos. Toronto está crescendo para o alto! Prédios estão sendo erguidos por todo lado.








Junte-se a tudo isto o contato com a natureza. A cidade está à beira do gigantesco lago Ontario, o que torna possível passeios de barco e até curtir praias de água doce (quando a temperatura permite, claro, o que se resume a poucos meses no ano). Ver do alto da CN Tower as águas calmas, esverdeadas e brilhantes (em razão dos reflexos do sol) do lago é como descobrir a paz. Ao mesmo tempo, aquela imensidão verde dá ao ser humano a exata noção da sua pequenez, da vastidão do mundo e da infinitude da alma.


Toronto é assim e é muito mais. O que se vê nas ruas é apenas parte da cidade. Debaixo da terra, no subsolo, também há vida. E em abundância. Para se proteger do frio intenso nos meses de inverno, a capital de Ontario construiu um verdadeiro shopping. É o Path, com cerca de 1,2 mil lojas. São incríveis 28 quilômetros de túneis e mais de cem pontos de acesso pela cidade. É o maior complexo de compras subterrâneo do mundo, de acordo com o Guinness, o Livro dos Recordes.
É difícil descrever uma cidade com tanto a mostrar. Toronto sedia alguns dos melhores museus do país (a AGO e o ROM, em especial, são imperdíveis!). Também estão lá algumas das melhores universidades. Entretanto, sem dúvida é sua gente que lhe dá um valor especial. E o que, afinal, esta gente tem de especial? Nada além de ajudar a fazer a vida de uma cidade vibrante – e com muito a mostrar.

Em tempo: Toronto será sede dos Jogos Pan-Americanos de 2015.


* O Canadá é governado de fato por um primeiro-ministro. O sistema de governo tem ainda um governador-geral, que é o representante do monarca britânico na nação.

** As fotos são minhas e de Carlos Giannoni de Araujo

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