Não costumo dar dicas de lugares para comer e se divertir,
como bares e restaurantes, porque considero estas experiências demasiadamente
pessoais. Estão ligadas ao paladar de cada um, ao tipo de bebida e de ambiente
que cada um curte. Portanto, quando faço neste blog alguma referência a
lugares assim, busco sempre relatar a minha experiência. A partir dela, quem
sabe, algum leitor pode se sentir inspirado a buscar mais informações.
Tratei recentemente de dois exemplos da alta gastronomia em Montreal, no Canadá. Na mesma cidade, fui a um outro local mais estilo pub, a
Taverne Gaspar. São duas unidades, uma delas fica bem em frente a Old Port,
extremamente bem localizada (97 de la Commune Street East, Place-d’Armes). Um
respeitável cardápio de cerveja (a que leva o nome da casa vale a pena!), comida tradicional norte-americana (ou seja,
engordante – um saboroso hambúrguer, com batatas fritas ou coisa assim) e também
um toque local com peixes e iguarias do gênero.
A comida e a bebida não comprometem. Um dos destaques, sem
dúvida, é o ambiente, que justifica o nome. Uma decoração toda em pedras
rústicas, como se você realmente tivesse voltado no tempo e estivesse numa
daquelas tavernas típicas da Idade Média. Com gente bonita (destaque para o “staff”
feminino!) e muita animação, claro.
Em Quebéc, um lugar mais tradicional, estilo francês (como a cidade). No Restaurant Pub D´Orsay, na esquina da catedral, experimentei a porção restaurante da casa. Comida boa, simples e saborosa. Não espere requintes, criatividade ou coisas do gênero. Nada de alta gastronomia. É para matar a fome num lugar agradável e decente. Música ambiente agradável, combinando com o estilo do local.
Em Halifax, na Nova Escócia,
belíssimas surpresas. Uma delas, o Henry House, foi indicado pela pesquisadora
Libby Dean, que conheci no trem a caminho da cidade – colonizada por escoceses
e irlandeses, tem forte influência da cultura celta, daí haver lá uma grande
quantidade de (ótimos) pubs.
O Henry House (na Barrington St. 1222, uma das ruas principais da cidade), como o
D´Orsay, está dividido em dois: na parte térrea o restaurante; escada abaixo,
no porão, o pub. Tipicamente nórdico. Para chegar até lá, é preciso descer uma
escada cuja decoração lateral já dá o tom do lugar. Aliás, se as paredes do Gaspar já mereceram destaque, no Henry as pedras ganham
definitivamente o toque rústico de um porão. O lugar é relativamente pequeno, o
que o faz único e aconchegante.
O cardápio de cervejas é interessante. Experimentei algumas, todas deliciosamente surpreendentes. Para
combinar, claro, um cardápio também deliciosamente engordante, com os típicos
lanches com hambúrguer (de uma carne inesquecivelmente saborosa), bacon e
batatas.
A melhor das experiências,
porém, estava reservada para o The Old Triangle, casa genuinamente
irlandesa-celta localizada na Prince St. 5136, perto do Harbourfront. A decoração faz jus ao nome, com muito verde, a cor de Saint
Patrick, ou São Patrício, o padroeiro da Irlanda. A fachada externa, bruta e
robusta, lembra os clássicos pubs britânicos (ou seja, ingleses, escoceses e
irlandeses).
O interior é o maior de todas
as casas já mencionadas, o que tira um pouco do tom intimista, mas permite
juntar gente de todo o tipo. Como a turma da mesa ao lado, que tocava e cantava
músicas típicas, o que me remeteu a um show do grupo brasileiro “Terra Celta”.
Simplesmente fenomenal!
Naquele ambiente, meio lúdico,
meio inebriante, a comida fica em segundo plano – embora, como nos outros
lugares, não comprometa. Pedi, por exemplo, uma espécie de tábua de frios, com a diversidade de embutidos típica da parte norte do globo. Quanto à bebida,
farta a carta (os apreciadores de vinho irão me perdoar por tomar emprestado o
termo que lhes é caro, mas o The Old Triangle merece!).
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