Para quem a conhece, a praça ofusca a vista. Chega a ser um abuso tanta riqueza arquitetônica em tão pouco espaço (bem, nem tão pouco assim). Para onde você olha, enxerga beleza e história. Literalmente. Tida por muitos como a praça mais bonita do mundo, não é à toa que ela foi considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco (o organismo das Nações Unidas para Cultura e Educação) em 1998.
Nesse lugar, girar 360 graus é quase um instinto. O corpo inevitavelmente segue a vista, atraída pela beleza dos prédios um colado ao outro, com suas fachadas rebuscadas, algumas delas exibindo um portentoso dourado. Ali, não fossem alguns letreiros, como o da loja de chocolates Godiva (imperdível!), teria-se a certeza de que o tempo parou. O chão de pedras acentua essa saborosa sensação de antiguidade.
Foi numa delas, transformada em restaurante, o Le Roy D´Espagne, que provei algumas das famosas cervejas belgas. A Jupiler foi a preferida. A casa (na foto abaixo, a maior, com um ornamento no centro da fachada e uma estátua sobre o telhado) foi construída em 1697 como sede da guilda dos padeiros. O nome atual se deve ao busto do rei espanhol Carlos 2° (1661-1700), que decora o lugar - a Espanha dominava a região da atual Bélgica quando o prédio foi construído. Como lembrança do ofício que a guilda representava, há uma estátua do santo padroeiro dos padeiros.
Confesso que só soube da história do lugar – danificado durante a Revolução Francesa – quando estava lá. Um cartaz (ou algo do gênero) contava a trajetória daquele prédio histórico, do século 17. Por sinal, cartazes antigos são parte da decoração do restaurante.