Um passeio pelo jardim botânico

Viver experiências. Experimentar novidades. Ingredientes imprescindíveis em qualquer bagagem. Ao menos para mim. Foi assim que, com uma tarde de sobra em Atlanta, após conhecer os principais pontos turísticos da cidade, decidi ir a um local diferente. Movido pela curiosidade e pelo interesse na sensação que citei na abertura deste texto.
A viagem havia sido planejada à exaustão, durante meses. Havia checado todos os lugares para visitar, horários, itinerários, etc. Após tanta pesquisa, e com tempo sobrando até o embarque para o próximo destino, fiz a minha escolha: Jardim Botânico. Já visitei muitos parques, mas nunca estive num jardim botânico propriamente dito.
O lugar era longe, mas o trajeto parecia fácil. Metrô até uma determinada estação e depois ônibus. Contei com a ajuda e a simpatia da motorista do ônibus para entender o sistema integrado de transporte e para descer no ponto desejado, no número 1.345 da Piedmont Avenue. Quando cheguei ao Atlanta Botanical Garden, uma boa e uma má notícia. A boa: além das plantas, o local exibia uma exposição de obras de Henry Moore. A má: o tempo havia mudado e começavam a cair alguns pingos. Naquele momento, confesso que tive dúvida se era a decisão certa me afastar da área turística para um passeio em local aberto e de resultado incerto – afinal, aquela experiência poderia se revelar um fiasco.
Mas vivê-la era preciso. E lá fui. Guia em mãos, comecei a percorrer as trilhas por entre árvores e plantas. De todos os tipos, de todas as cores, de todos os lugares. Fui atrás do jardim das rosas, passei pelo jardim dos cactos, conheci o jardim japonês, andei entre flores e insetos, delirei com a explosão colorida das orquídeas (e como quis que minha mãe estivesse lá para ver tanta variedade da flor que ela mais admira), aventurei-me pela floresta tropical e seus sons misteriosos.

Em todo o caminho, encontrei com Moore, de diferentes formas e tamanhos. Àquela altura, o Jardim Botânico de Atlanta já se tornara íntimo. Eu descobrira seus segredos. Da vitória régia ao arbusto; da planta carnívora aos sapos. Foram horas de caminhada descompromissada, ou melhor, com um único compromisso: admirar o encanto da natureza. E como é encantadora a natureza!
O passeio valeu a pena. Além da beleza, o local proporcionou horas de tranquilidade – e sem que eu as visse passar. Um verdadeiro remédio para a alma. Hoje, tenho a certeza de que os jardins botânicos merecem estar nos roteiros de viagem. E para quem acha que verá apenas plantas, permita-se ouvir a voz que elas emitem, silenciosamente. Descobrirá que as plantas também falam. Falam a voz do coração.

Em tempo: ir ao Atlanta Botanical Garden me permitiu outra experiência que aprecio nas minhas viagens, que é vivenciar o cotidiano do lugar. Foi o que fiz nos longos minutos em que esperei o ônibus de volta. Reparei nos carros que passavam por aquela longa avenida de uma região que me pareceu de classe alta. Afinal, ali havia um condomínio com imóveis valendo mais de um milhão de dólares. E dos carros que passavam, o mais barato foi um Honda Civic. E eu ali, parado, esperando o ônibus...







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