Culinária tipicamente "quebecoá"

O Europea, do chef Jérôme Ferrer, é um dos restaurantes mais badalados da temporada em Montreal, no Canadá. Existe há 11 anos e apresenta uma culinária tipicamente “quebecoá”, como eles dizem, ou quebequense. Isto significa apostar em produtos locais e aproveitar as influências da gastronomia de todo o mundo.
O chef explica que há uma conexão cultural entre Brasil e Canadá porque são terras que receberam muitos imigrantes, cada um com seus hábitos. Isto fez com que a gastronomia seja uma mistura de tudo, com forte influência francesa, claro.


A comida atrai pelo olhar. Depois, o paladar. Da decoração do restaurante, que mistura clássico e contemporâneo, à arrumação dos pratos, cada detalhe faz diferença. O filé dá água na boca.

















Autor de vários livros, Ferrer afirma que não existe alta gastronomia ou culinária popular. O que tem é comida boa e ruim. Produtos de qualidade, bom tempero e bom cozimento são a receita para fazer a melhor cozinha do mundo, diz.
Amigo dos brasileiros Alex Atala e Guga Rocha, ele lembra das visitas aos mercados no Brasil. E brinca que  a caipirinha é muito, muito perigosa.
Outro restaurante na moda em Montreal é o Toqué! Aberto há vinte anos, ele se destaca pela parceria com pequenos produtores locais. Isto garante, segundo o chef Normand Laprise, o controle da qualidade, o que pode ser visto na preparação dos alimentos na cozinha. O chef faz questão de mostrar também os produtos in natura, na câmara fria.


Ele conta que conhece os produtores, sabe como trabalham, o que faz toda a diferença. O resultado disso chega à mesa. O colorido dos pratos, com toques florais, são um delírio para os olhos. O Toqué! tem forte influência da cozinha mediterrânea e latina. Frutos do mar são presença certa no cardápio. Carnes e peixes ganham sabor especial com os temperos.
A influência francesa inclui refeições mais longas, que duram até três, quatro horas. Tudo para apreciar cada detalhe.














O prazer da refeição se estende à sobremesa. Doces de amendoim, creme de cenoura, torta de limão, creme de morango com calda de vinho. Tudo com muita cor e frescor. Como nas páginas do livro assinado por Laprise.







O requinte do Toqué! está presente também na decoração, com toque contemporâneo. 




Nos dois restaurantes, os preços não são nada que não se pague num bom restaurante paulistano. Se passar por Montreal, não esqueça: a cozinha quebequense vale a pena!

1227 De La Montagne, Montreal, Canadá


900 Jean-Paul Riopelle Place, Montreal, Canadá













- Laprise, o amigo da perfeição


* Texto originalmente produzido para o programa "Mais Cultura" (TV Cultura, seg. a sex., 13h) - é a primeira reportagem do vídeo abaixo:


De trem pelo Canadá

A vida parece rara nesta espécie de deserto de gelo. São quilômetros com uma paisagem praticamente de uma só cor. Pela janela não se vê quase nada que possa indicar a presença humana neste canto gelado do globo. Nem sequer animais são vistos. Mas eles estão por aqui. Há pegadas por todo lado. De ursos, coelhos, alces... A natureza também se faz presente, esverdeante nos arbustos e pinheiros.












O Canadá possui dimensões continentais, como o Brasil. É a segunda maior extensão territorial do mundo, quase dez milhões de quilômetros quadrados. Pra se ter uma ideia, o Brasil é o quinto neste ranking, com área de oito milhões e meio de quilômetros quadrados.
E acredite: é possível cruzar o Canadá de leste a oeste, do oceano Atlântico ao Pacífico, de trem. Quase seis mil quilômetros. É como ir de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, a Boa Vista, em Roraima.
O país tem cerca de 80 mil quilômetros de ferrovias. É a terceira maior malha do mundo, quase três vezes maior que a do Brasil, que tem 29 mil e 800 quilômetros. No Canadá, as ferrovias encontram muitos obstáculos naturais, como as famosas montanhas rochosas, uma cadeia que se estende por todo o sudoeste dos Estados Unidos, até o Novo México. Mesmo assim, elas foram decisivas para a formação do país. 
Três grandes companhias atuam no setor: a Canadian National, conhecida como CN; a Canadian Pacific, CP, ambas de controle privado; e a Via Rail, controlada pelo governo. 



Fundada em 1884, a CP está intimamente ligada à história do Canadá. Permitiu a integração de novas províncias, a colonização e o desenvolvimento do oeste canadense.
Criada em 1918, a CN é a maior companhia ferroviária do país. Sua malha vai da Nova Escócia, na costa leste, à Colúmbia Britânica, na costa oeste, além de ligar o Canadá à região central dos Estados Unidos ao longo do rio Mississippi. CN e CP atuam no ramo de cargas. 
Fundada em 1978, a Via Rail monopoliza o transporte de passageiros. Possui 12 mil e 500 quilômetros de trilhos, ligando oito províncias. Por ano, transporta cerca de quatro milhões de pessoas. É nove vezes menos do que os 35 milhões que viajam anualmente pela principal companhia aérea do país. O transporte de passageiros não chega a 3% das receitas do setor ferroviário. Mas é uma alternativa importante para um país com um território tão grande.




Nossa equipe testou dois trechos. De Montreal a Quebéc, uma viagem de pouco mais de três horas num trem com serviço de bordo e conexão grátis de internet. Durante o trajeto, encontramos a diretora de marketing da companhia, Sylvie Bougeois. Ela ressaltou que os passageiros realmente apreciam o conforto dos trens.
"Tem muito mais espaço do que os aviões. Não há estresse, não há correria para ir ao aeroporto. Nossas estações geralmente estão no centro”, diz. A diretora citou também que muitas pessoas utilizam os trens para viagens de negócios. “E esta é uma grande vantagem em relação aos aviões. No trem você pode chegar à estação apenas alguns minutos antes de embarcar, sentar-se confortavelmente, ter boas refeições, tomar uma taça de vinho se quiser e aí trabalhar.”

* Texto original de reportagem escrita para o programa "Matéria de Capa" (TV Cultura, dom., 19h)

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