
São oito da noite e a Piazza del Duomo ferve. Gente de todas as cidades e idades – os japoneses, claro, sempre em seus grupinhos. Num canto, ouço um protesto por alguma causa mundial. Um pequeno – e barulhento – grupo grita em prol da Palestina. Exibem bandeiras com listas horizontais preta, branca e verde, unidas por um triângulo vermelho na lateral esquerda. “Esta é a democracia do Ocidente!”, eis a palavra de ordem. E emendam uma música árabe, um tanto alegre e dramática.
Estou sentado na base de um dos postes de iluminação em frente ao Duomo. Olho para ele, uma daquelas jóias que a arquitetura mundial produziu, e ele parece corresponder. Aquela obra de arte que as mãos humanas, muitas delas, edificaram respondeu o meu pensamento: “não, não é um sonho”.
Ainda não sei onde vou jantar. Penso numa pizza.
Algumas pessoas aparentemente falam sozinhas – eu imagino sozinho, escrevo sozinho. Os flashes iluminam a noite. As fotos não param. Os indianos (ou seriam paquistaneses?), com suas luzes voadoras, também não. Irritam. As luzes dos brinquedinhos mambembes atraem os olhos. Para o alto. Eles, os vendedores indianos, parecem todos iguais. Será que se multiplicam?
E eu estou aqui, sentado, contemplativo e reflexivo, neste momento sentindo-me no centro do mundo. Um mundo que se encerra ali, naquele quadrilátero retangular que guarda séculos de história. Ali naquela noite fria de outono. Parado tentando congelar o tempo, olhando o vai-e-vem das pessoas ao redor, alguns passos apressados, muitos sorrisos. O deslumbre de quem vê pela primeira vez – ou mais uma vez – os entalhes rebuscados das paredes que se erguem à frente, rumo ao alto, mais alto do que as luzes dos brinquedos indianos, bem mais alto, rumo ao céu.
Percebo que é inútil tentar fazer o tempo parar. O mundo parar. Sequer o meu pequeno mundo, onde sou um pequeno príncipe, consigo parar. O pensamento não para. Somos todos reféns daquele momento, daquela paisagem divina. O céu escuro nos observa com atenção. Emana as luzes da lua e das estrelas para nos iluminar. Convida-nos ao pensamento e à celebração.
Sentado na base de concreto daquele poste, ao lado de pessoas que nunca vi, que vieram não sei de onde e vão para um lugar qualquer, sou apenas mais um. O único do meu pequeno mundo naquele mundão. Agora só consigo pensar nisso: no mundão que nos atrai e une, que nos divide e separa. Ali, a globalização se realiza, concretiza-se nos anseios e atos de todos nós. Com suas virtudes e defeitos. Virtudes e defeitos humanos diante do templo.
Um lugar que há séculos sedia encontros e desencontros. Onde o homem se encontra com o homem. Onde o homem (se) encontra (com) Deus. Ali, Piazza del Duomo, Milão, Itália. Aos 19 dias do mês de outubro de 2010.
Estou sentado na base de um dos postes de iluminação em frente ao Duomo. Olho para ele, uma daquelas jóias que a arquitetura mundial produziu, e ele parece corresponder. Aquela obra de arte que as mãos humanas, muitas delas, edificaram respondeu o meu pensamento: “não, não é um sonho”.
Ainda não sei onde vou jantar. Penso numa pizza.
Algumas pessoas aparentemente falam sozinhas – eu imagino sozinho, escrevo sozinho. Os flashes iluminam a noite. As fotos não param. Os indianos (ou seriam paquistaneses?), com suas luzes voadoras, também não. Irritam. As luzes dos brinquedinhos mambembes atraem os olhos. Para o alto. Eles, os vendedores indianos, parecem todos iguais. Será que se multiplicam?
E eu estou aqui, sentado, contemplativo e reflexivo, neste momento sentindo-me no centro do mundo. Um mundo que se encerra ali, naquele quadrilátero retangular que guarda séculos de história. Ali naquela noite fria de outono. Parado tentando congelar o tempo, olhando o vai-e-vem das pessoas ao redor, alguns passos apressados, muitos sorrisos. O deslumbre de quem vê pela primeira vez – ou mais uma vez – os entalhes rebuscados das paredes que se erguem à frente, rumo ao alto, mais alto do que as luzes dos brinquedos indianos, bem mais alto, rumo ao céu.
Percebo que é inútil tentar fazer o tempo parar. O mundo parar. Sequer o meu pequeno mundo, onde sou um pequeno príncipe, consigo parar. O pensamento não para. Somos todos reféns daquele momento, daquela paisagem divina. O céu escuro nos observa com atenção. Emana as luzes da lua e das estrelas para nos iluminar. Convida-nos ao pensamento e à celebração.
Sentado na base de concreto daquele poste, ao lado de pessoas que nunca vi, que vieram não sei de onde e vão para um lugar qualquer, sou apenas mais um. O único do meu pequeno mundo naquele mundão. Agora só consigo pensar nisso: no mundão que nos atrai e une, que nos divide e separa. Ali, a globalização se realiza, concretiza-se nos anseios e atos de todos nós. Com suas virtudes e defeitos. Virtudes e defeitos humanos diante do templo.
Um lugar que há séculos sedia encontros e desencontros. Onde o homem se encontra com o homem. Onde o homem (se) encontra (com) Deus. Ali, Piazza del Duomo, Milão, Itália. Aos 19 dias do mês de outubro de 2010.
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